
Já houve quase uma década para compreendê-lo e aceitá-lo. Criado em 2009, o WhatsApp continua se mostrando um poderoso instrumento contra todas as formas de comunicação instituídas.
O mensageiro do Facebook tem uma dinâmica própria. Nele, a privacidade, o sigilo pessoal e, por mais curioso que pareça, o coletivo dialogam no mesmo plano.
Pelo WhatsApp, é possível atingir milhões de pessoas com uma mensagem sem identificar seu autor. Essa capacidade, perante a qual imprensa e governos lutam, ao invés de entendê-la, explica a dimensão que tomou o protesto dos caminhoneiros que parou o Brasil há nove dias.
Foi pelo mensageiro e é através dele que as mobilizações nacionais têm se mantido. Uma busca no noticiário revela claramente isso e, por outro lado, indica a dificuldade da imprensa em entender esse fenômeno.
Faltam matérias que expliquem como um líder caminhoneiro no Oiapoque (AM) arregimenta, coordena e mobiliza milhares de companheiros Brasil afora até chegar ao Chuí (RS).
Acostumada a ser um dos canais de diálogos mais poderosos da sociedade, a imprensa está tão tonta quanto o governo diante de um instrumento sobre o qual não é possível apontar lideranças verticalizadas.
Habituados a cobrir o poder, os jornalistas descobriram uma forma de poderio com a qual nunca lidaram. Diante do desconhecido, é mais fácil criticar do que entender, o que pode explicar em certa medida a série de matérias negativas sobre o movimento dos caminhoneiros.
O WhatsApp é a nova área de convivência dos postos de gasolina onde milhares de caminhoneiros estacionam para descansar todas as noites.