O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), criticou medidas judiciais em casos criminais assinadas às vésperas das eleições. A declaração foi dada em resposta a uma pergunta sobre o efeito eleitoral da decisão do juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato, que nesta segunda (1º) levantou o sigilo de parte da delação premiada de Antonio Palocci.
O ex-ministro acusa o ex-presidente Lula de corrupção. Gilmar ficou sabendo da decisão de Moro por jornalistas após palestra a estudantes da faculdade de direito da USP, no Largo São Francisco, na tarde desta segunda-feira.
“Eu não vou falar sobre o caso. Eu tenho feito muitas críticas a todas essas intervenções do Judiciário e acho que vai ter que se pensar em um modelo institucional. Decretar prisões de candidatos, fazer operações de matérias que estão sendo investigadas há muito tempo ai vem a decisão em período eleitoral. Acho isso absolutamente impróprio”, disse Gilmar.
“Eu não vou emitir opinião (sobre erros ou acertos no caso), mas em questões institucionais importantes devemos trabalhar mais de forma colegiada”, disse o ministro.
Gilmar Mendes também afirmou que recentes decisões da corte em favor dos direitos individuais impediram que o país estivesse no momento em uma ditadura implantada pelo Ministério Público e Polícia Federal.
“Eu tenho a impressão de que temos que trabalhar em casos que tais mais em consenso e evitar decisões de caráter liminar. Encerrar um pouco esse modelo de decisões monocráticas na medida do possível e passar a conversar sobre essas questões de temas sensíveis em plenário”, disse o ministro.
“Se não fosse o STF ter mitigado com súmula das algemas e possibilidade de acesso a inquérito nós já estaríamos em uma espécie de ditadura”, disse o ministro.
“Eu tenho a impressão de que se o Supremo não tivesse atuado fazendo esse tipo de tempero, nós veríamos hoje espancamento de presos na rua”, disse Gilmar. Com informações da Folhapress.