A Assembleia Legislativa de Goiás revogou na quarta-feira (24) título de cidadania goiana à jornalista paraibana Rachel Sheherazade. No dia 3 de maio, a mesma Casa havia aprovado, por unanimidade, projeto concedendo a homenagem, de autoria do deputado Major Araújo (PRP), em segunda e última votação. A honraria à âncora do Jornal do SBT gerou severas críticas nas redes sociais e uma petição online contra a matéria alcançou 1.359 votos.
Segundo Araújo, Sheherazade representa o retrato vivo da luta da liberdade de expressão, “de forma muito neutra e isenta”, argumento veementemente rebatido pelos criadores da petição, que consideram a jornalista “uma das vozes histéricas em prol da segregação racial, social e sexual do País”. A petição expõe que a jornalista protagonizou um dos “episódios mais lamentáveis de sua trajetória como âncora de um telejornal nacional” com a apologia ao linchamento de um menor negro infrator, amarrado a um poste na cidade do Rio de Janeiro. “Sheherazade se referiu ao jovem como ‘marginalzinho’ e sugeriu aos indignados com a situação que ‘adotassem um bandido'”, argumenta o texto.
Os militantes virtuais apontam também que a jornalista era servidora concursada do Tribunal de Justiça da Paraíba e teria recebido salário sem trabalhar durante 11 meses, entre abril de 2011 e fevereiro de 2012, quando já dava expediente em uma emissora local. Segundo eles, o caso já foi amplamente divulgado, porém jamais esclarecido.
Não se sabe se Sheherazade pelo menos conheça o Estado de Goiás, considerando que a cidadania deve ser concedida a pessoas que prestaram relevantes serviços ao Estado. Mas, em defesa de seu projeto, o Major Araújo chegou a dizer que Sheherazade faz “um grande favor a todos os brasileiros e todo o Brasil deveria conceder uma homenagem a ela”. Segundo o deputado, a apresentadora tinha conhecimento da aprovação da proposta. Agora, ele terá a difícil tarefa de informar da revogação. A data para a entrega do título deveria ocorrer na solenidade que celebra o aniversário da Polícia Militar de Goiás, em 28 de julho.