O ano ainda não terminou, mas já é possível selecionar uma palavra para descrever 2017: facção — e suas derivadas. É um variado clã vocabular, que o Governo do Estado lançou sobre nós ao atribuir a “uma guerra de facções” a escalada dos índices de violência, particularmente o de homicídios. Seria injusto debitar apenas à atual gestão o estado de insegurança pública a que chegamos. Mas o governo poderia melhorar ao menos a retórica, porque a explicação soa como confissão de impotência para conter o enraizamento das facções no RN.
As facções agora estão no centro de outra guerra: a de Flávio Rocha contra o Ministério Público do Trabalho, para escapar de punição por infringir a legislação trabalhista em contratos de terceirização com oficinas de costura. O ataque dele à procuradora e à instituição, em termos dos quais viria a recuar, recebeu tratamento generoso e acrítico. A história da ação, com os fatos que desaguaram na ação judicial, perdeu-se na espuma das bravatas. As manchetes abriram-se mesmo para o breviário neoliberal de viés chantagista. Quem gera emprego não deve ser “atrapalhado” por detalhes desagradáveis como acordos e leis trabalhistas. Ou me deixam livre para antecipar o garrote da reforma ou eu retiro minhas empresas daqui.