Por: Agência Estado
A cúpula do PT avaliou nesta quarta-feira que a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, foi a maior responsável pela derrota do partido nas eleições municipais. O partido também atribui ao ajuste fiscal do governo Dilma Rousseff parte da onda antipetista que tomou o País.
Na primeira reunião da Executiva Nacional após a sigla perder 256 das 635 prefeituras sob seu comando, dirigentes petistas não esconderam o abatimento com o fracasso, principalmente em São Paulo, e mostraram divergências sobre os rumos a seguir.
“Estamos enfrentando uma campanha de massacre. Há um Estado de exceção em andamento no País”, disse Falcão. Uma resolução política, aprovada no encontro, diz que a “escalada antipetista” da Lava Jato desencadeou “ofensivas fraudulentas, mas de ampla repercussão” contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ex-ministros às vésperas das eleições.
O documento sustenta, ainda, que o “aprofundamento da crise econômica, a criminalização do PT e a ação corrosiva da mídia monopolizada erodiram a base eleitoral progressista”, provocando o revés nas urnas. Na distribuição de culpas, o partido também citou a “reforma política” comandada pelo então presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje cassado, que reduziu o tempo de campanha.
“Com um pouquinho mais de campanha, o prefeito Fernando Haddad teria ido para o segundo turno”, lamentou. Apesar de apontar o dedo para fatores externos, como a Lava Jato, Falcão admitiu que o PT cometeu erros e vai tirar “lições” da derrota.
“Mas é muito difícil acertar rumos no meio de uma guerra”, afirmou o deputado Reginaldo Lopes (MG), que ficou em quarto na disputa pela prefeitura de Belo Horizonte. Secretário de Assuntos Institucionais do PT, Lopes disse que o partido precisa mudar não apenas sua direção, mas também o discurso.
“O PT deve uma satisfação à sociedade. Se ficar só na tese do golpe, aí é dialogar com uma bolha muito pequena. A sociedade quer saber como vai retomar o emprego e melhorar de vida”, argumentou o deputado, numa referência ao discurso do “golpe”, adotado para explicar o impeachment de Dilma.
A Executiva do PT também orientou seus militantes a apoiarem as candidaturas do PSOL, do PCdoB, do PDT e da Rede, no segundo turno. O candidato do PSOL no Rio, Marcelo Freixo, disse aceitar o apoio do PT, mas não quer Lula no palanque.