24/03/2024
08:18

Foto: Douglas Lemos/G1 RN

Entre 2017 e 2023 a quantidade de pacientes que chegam ao Hospital Walfredo Gurgel (HMWG) em ambulâncias de cidades do interior aumentou 77%. A informação consta no Levantamento Comparativo de Dados Médios, elaborado pelo Núcleo de Acesso e Qualidade Hospitalar do próprio hospital. As razões para o crescimento da chamada “ambulancioterapia” podem estar relacionadas, segundo a Federação dos Municípios do RN à centralização de atendimentos em Natal e Mossoró, fazendo com que os pacientes das outras cidades precisem se deslocar para essas cidades, quando parte desses atendimentos poderiam ser realizados em outras unidades.

Sem um hospital adequado para tratar um fratura que teve na perna após um acidente de moto, Michel Santos, de 19 anos, teve que ser levado do município de Lagoa Dantas para o Hospital Walfredo Gurgel, em Natal. “Eu bati em um trator e acabei quebrando o osso da perna. Cheguei ontem e estou aguardando ser encaminhado para a cirurgia”, explicou o jovem enquanto aguardava o encaminhamento na última terça-feira (19). No dia seguinte, ele foi encaminhado para um hospital da rede privada e conseguiu realizar a cirurgia. Posteriormente, recebeu alta.

Também do interior, o repositor Jose Juciel Vicente, de 29 anos, aguardava há 24 horas encaminhamento no Walfredo. Ele havia sofrido um acidente de moto em Vera Cruz. “Eu estava de moto numa estrada de barro e tombei. Acabei quebrando a clavícula e terei que fazer cirurgia. Estou aguardando encaminhamento”, disse ele.

Os dois casos ilustram como é comum pacientes do interior chegarem àquela unidade hospitalar e apontam para outro dado presente no relatório, o de atendimentos a pacientes vítimas de acidentes de moto, que apresentou também curva de crescimento no período, atingindo um pico de 700 atendimentos mensais em 2023.

“Fechamos a primeira quinzena de março com 427 atendimentos à vítimas de acidentes de moto no HMWG. Se nada mudar, a projeção é de 750 acidentes no mês. A taxa de internação é de 28,34%”, afirma o diretor técnico do hospital Leandro Freire.

Segundo ele, o hospital não tem como explicar as causas do aumento da demanda dos acidentes de moto, mas participa ativamente das discussões levando dados atualizados para que os órgãos responsáveis possam adotar medidas que reduzam esses números. “Recentemente implantamos o monitoramento do local do acidente relatado pelos pacientes e enviamos esses dados ao Detran, STTU e PRF”, diz.

Da mesma forma, não é possível apontar os motivos do aumento da ambulancioterapia, uma vez que excedem a governabilidade do hospital. “Não temos como avaliar as razões do aumento da chegada de ambulâncias do interior. Todavia, estamos sempre alertando a Sesap da alta demanda do interior, e soluções estão sendo buscadas no nível central”, explica o diretor.

A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) informou que trabalha na organização dos fluxos de atendimento na rede, fortalecendo a rede própria no interior, com a ampliação dos serviços de ortopedia com vistas , por exemplo, a desafogar o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel.

“Outra medida que vem auxiliando nisso é o fortalecimento do processo de regulação, seja por meio do Regula RN, no caso dos leitos, ou pela central de acessos às portas hospitalares, que coordena o fluxo de atendimentos de urgência e emergência”, diz a pasta.

Reportagem completa na Tribuna do Norte

Publicado por: Chico Gregorio

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