08/12/2020
06:24

A reviravolta no placar que levou o STF (Supremo Tribunal Federal) a evitar um atropelo à Constituição ao barrar a possibilidade de reeleição da atual cúpula do Congresso enfraqueceu o DEM, que hoje comanda Câmara e Senado, e deu projeção ao MDB.

Para a maioria dos ministros do Supremo, a recondução dos atuais presidentes das Casas é inconstitucional. O placar ficou em 6 a 5 contra a reeleição de Davi Alcolumbre (DEM-AP) no Senado, e 7 a 4 contra a de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na Câmara.

Com o resultado, o DEM busca conter os danos e manter o controle de ao menos uma das Casas, o que não será tarefa fácil, avaliam líderes partidários e mesmo integrantes da sigla. MDB e Republicanos também almejam a cúpula do Congresso.

A Constituição proíbe os chefes das Casas de tentarem se reeleger para o posto dentro da mesma legislatura —a atual começou em fevereiro de 2019 e vai até fevereiro de 2023.

Ao ter a reeleição barrada, Maia perdeu força e a capacidade de conduzir o processo de escolha de um sucessor, dizem parlamentares.

Na outra Casa, Alcolumbre ficou bastante incomodado com a postura do Palácio do Planalto no decorrer do processo, segundo relatos à Folha. A aliados, o presidente do Senado tem dito que não vai recorrer da decisão do STF.

Alcolumbre tinha apoio do governo para tentar seguir no cargo. No caso de Maia, a postura era outra. O deputado é visto como adversário político. Por isso, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participa de articulações para colocar um aliado no comando da Câmara.

O objetivo do presidente da República era sobretudo derrotar Maia.

As divergências dentro do grupo político do deputado do DEM, que já emergiam nas últimas semanas, cresceram com o impedimento para o presidente da Câmara tentar ser reconduzido.

Desunida, a ala que Maia chama de independente ao governo se enfraquece na disputa contra o líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL), que tem o apoio de Bolsonaro e de partidos governistas.

As negociações partidárias, logo após a decisão do STF, se tornaram mais amplas. O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), por exemplo, tenta atrair o apoio a Lira, em troca de votos para que o MDB possa retomar a presidência do Senado.

O DEM vai na mesma linha. Promete apoio ao MDB no Senado se o presidente do partido, deputado Baleia Rossi (MDB-SP), desistir da pré-candidatura na Câmara e se unir ao DEM na Casa, cujo principal pré-candidato é Elmar Nascimento (BA). Outro cotado é Fernando Bezerra Filho (DEM-PE).

Nessa disputa, o DEM avalia estar na dianteira por oferecer em troca Alcolumbre como cabo eleitoral do candidato do MDB. Se fosse liberado pelo Supremo a concorrer, o atual presidente do Senado calculava ter votos suficientes para se reeleger.

Enquanto isso, uma ala do MDB acredita que o partido consegue se viabilizar na presidência da Câmara e do Senado, onde tem a maior bancada.

“O grande desafio é saber qual desses candidatos mantém um bloco tão grande de pé até o dia da eleição”, afirmou Maia, nesta segunda-feira (7).

FOLHAPRESS

Publicado por: Chico Gregorio

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