17/12/2018
06:23

Foto: Agência Brasil

Caminhões já começaram a levar a mudança de 49 inquilinos que têm até 31 de janeiro para deixar uma mesma casa: o Senado . Na reta final da legislatura, a semana foi marcada pelo início da despedida de senadores que entregam o mandato em meio à maior renovação da Casa desde a redemocratização. Na lista, 24 derrotados nas últimas eleições, entre eles políticos com mais de 20 anos seguidos de Senado, como Edison Lobão (MDB-MA).

— Não desista do seu sonho — exclamou o senador Raimundo Lira (PSD-PB), ao tentar consolar Valdir Raupp (MDB-RO) em seu discurso de despedida.

Réu no Supremo por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Raupp ficou apenas em sexto lugar na disputa pela reeleição em Rondônia. Para animar o colega, Lira completou que ele pode voltar à Casa daqui a quatro anos, quando há nova eleição.

O ombro amigo, homenagens, choros e balanços de projetos fizeram parte dos discursos da semana no plenário e nas comissões. Enquanto alguns se emocionaram ao falar sobre os últimos dias na Casa, como Moka (MDB), que ficou em terceiro lugar no Mato Grosso do Sul, outros levaram a despedida/derrota na esportiva.

— Sei que o Senado vai perder muito com a sua ausência, mas vai perder muito menos também, porque eu também vou sair — brincou Garibaldi Alves (MDB), ao comentar o último discurso de Roberto Requião (MDB-PR).

Depois de mais de 20 anos de Senado, Garibaldi ficou em quarto lugar no Rio Grande do Norte.

O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB), anunciou aos senadores que eles ainda terão sessões nas próximas terça e quarta-feira para se despedir da Casa. Terceiro lugar no Ceará, ele próprio também dá “tchau” ao Senado e fará um balanço sobre sua gestão esta semana.

Das 81 cadeiras do Senado, houve eleição para 54 este ano. Apenas oito senadores se reelegeram. Além dos derrotados, 25 deixam a Casa por terem se elegido para outros cargos ou por terem desistido de disputar as eleições.

Na tribuna, Cristovam Buarque (PPS-DF) disse que se sente “desconfortável” ao ver os colegas se despedirem porque ele próprio também deixa o mandato.

— Um soldado, quando muda de trincheira, não se despede da trincheira antiga. Apenas ouve a voz do comandante e muda sua posição para lutar melhor por aquilo que ele tem como propósito. O povo, o general da política na democracia, votou para que eu mudasse de trincheira. E esse eleitor tinha as suas razões — disse, completando que a eleição foi marcada pela busca de renovação, não identificada nele.

Derrotado no Rio de Janeiro, Lindbergh Farias (PT) brincou dizendo que não responderia a perguntas para uma “ reportagem deprê”:

— A gente precisa agora é desencarnar. Eu não quero ficar como alguns ex-senadores, que continuam andando com seus broches de identificação pelos corredores do Senado. Vou tocar outros projetos.

O Globo

Publicado por: Chico Gregorio

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