28/09/2018
11:50

Vídeo e entrevista de Bolsonaro: sem checagem

Líder nas pesquisas eleitorais, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) está internado desde 6 de setembro, depois de ser alvo de uma tentativa de homicídio. No dia 16 deste mês, ele gravou um vídeo no hospital. No dia 24, concedeu à rádio Jovem Pan a primeira entrevista desde o atentado. A Lupa não checou nem o vídeo nem a entrevista. As declarações mais relevantes do candidato, já pós-atentado, não mereceram o escrutínio da agência. A Lupa checou, e bem, a entrevista de João Goulart Filho (PPL) à EBC (Empresa Brasil de Comunicação). Este candidato oscila de 0% a 1% nas pesquisas de intenção de voto.

Um dos motes da campanha de Bolsonaro, citado inclusive no vídeo do hospital, tem sido associar uma eventual derrota sua à fraude nas urnas eletrônicas. Sobre esse tema, a agência prestou um bom serviço ao leitor quando avisou ser falsa a informação de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) teria entregue os códigos de segurança das urnas eletrônicas à Venezuela.

Se o candidato, por motivos de saúde, tem falado pouco, o estado-maior de sua campanha ocupou o noticiário. A Lupa não examinou o discurso em que o candidato a vice na chapa de Bolsonaro, general Hamilton Mourão, declarou que famílias só com mães e avós são fábricas de desajustados. A agência poderia ter informado quantos domicílios brasileiros são chefiados por mulheres. No debate promovido por SBT, Folha de S.Paulo e UOL, a candidata Marina Silva (Rede) informou que são 40,5%. Lupa checou e confirmou. Poderia ter relembrado aqui o discurso do general.

Circulam nas redes conteúdos em áudio e vídeo que permitem ao eleitor conhecer seus candidatos. Em um deles, ao votar pelo impeachment da então presidente da República Dilma Rousseff, Bolsonaro homenageou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. Em julho, a Lupa mostrou que Ustra foi declarado torturador pela Justiça, em decisão definitiva. Deveria relembrar.

Em outro vídeo, Bolsonaro prega que minorias devem se adequar ou desaparecer. Em um terceiro, seus eleitores comparam eleitoras de esquerda a cadelas. São mesmo autênticos tais vídeos?

A agência não precisa esperar que os conteúdos sejam citados como suspeitos pelo projeto em parceria com o Facebook. Pode se antecipar. Examinar o que for possível, comparar dados, oferecer informações suplementares e relevantes ao leitor.

Publicado por: Chico Gregorio

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