Chefe do Executivo municipal afirmou que não tem envolvimento com esquemas ilícitos e que não teme, por isso, ser citado em delações de executivos
José Aldenir / Agora Imagem
O prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), não teme ser citado em depoimentos de executivos de empreiteiras envolvidas em esquemas de corrupção e que negociam acordos de colaboração premiada com a Justiça. À reportagem, o chefe do Executivo da capital potiguar afirmou categoricamente que não participou de processos ilícitos. “Não tenho envolvimento nenhum com nada”, declarou o pedetista.
Carlos participou, nesta quarta-feira 24, de audiência pública promovida pela Câmara Municipal no conjunto Santa Catarina, na zona Norte de Natal, dentro do projeto “Câmara Cidadã”, que está levando ações de cidadania e culturais durante esta semana à região.
Na oportunidade, o prefeito hesitou em comentar a citação de políticos potiguares em delações de executivos da JBS, empresa que – segundo o diretor Ricardo Saud – pagou propina a 1.829 políticos de 28 partidos políticos distintos. No depoimentos de Saud e do dono da companhia, Joesley Batista, são citadas contribuições para as campanhas do governador Robinson Faria (PSD), da senadora Fátima Bezerra (PT), de deputados e do ex-ministro Henrique Alves (PMDB).
“Não sou juiz nem promotor. E não quero fazer as vezes de juiz ou promotor. Sou prefeito de Natal”, resumiu. Apesar da fala condensada ao ter a opinião sobre as investigações solicitada, Carlos Eduardo afirmou durante pronunciamento que o clima político é de incerteza, o que contempla a questão de envio de verbas federais para investimentos na cidade.
“Não sei como vai ficar, até porque todos os dias temos uma novidade. Vamos aguardar. Isso é um problema. Brasília precisa criar juízo, bom senso e ter sensatez, pois o Brasil está à deriva”, pontuou o prefeito.
QUEIROZ GALVÃO
Uma das empresas envolvidas no esquema de corrupção desmontado pela operação Lava Jato, a Queiroz Galvão executou serviços em Natal durante a gestão de Carlos Eduardo Alves (PDT). A principal obra da empresa na capital do Rio Grande do Norte foi a construção, por meio de um consórcio formado ainda pela empreiteira Ferreira Guedes, do Complexo Viário Dom Eugênio de Araújo Sales. Foram erguidos cinco viadutos e dois túneis, que eliminaram oito semáforos na região do bairro da Candelária, próximo à Arena das Dunas.
As obras executadas pela Queiroz Galvão e pela Ferreira Guedes foram orçadas em R$ 222 milhões, dos quais R$ 42,5 milhões foram disponibilizados pela Prefeitura de Natal. O restante aconteceu por meio de repasse do Governo Federal.
Dois executivos da companhia – Ildefonso Colares Filho e Othon Zanoide de Moraes Filho – foram presos em uma das fases da Lava Jato – a 33ª, batizada de “Resta Um”. Os dois, acusados de envolvimento em fraudes em processos licitatórios, negociam com procuradores federais a assinatura de um acordo de colaboração premiada. Neste caso, outras possíveis irregularidades em contratos para execução de obras pela construtora poderão ser revelados.
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