“Dificultar aposentadorias estancará o desenvolvimento desses municípios”
Renan Calheiros, líder do PMDB no Senado, mas cada vez mais próximo da oposição, fez duras críticas às ações de Michel Temer.
Em artigo publicado nesta terça-feira, Renan disse que a reforma da Previdência proposta pelo Planalto condena os nordestinos à pobreza.
“Para a região Nordeste, que tem crescido acima da média nacional, a proposta condena ao empobrecimento. Inúmeras cidades da região sobrevivem de recursos previdenciários e do Bolsa Família.
Nesse contexto, dificultar aposentadorias estancará o desenvolvimento desses municípios e fará com que milhões de brasileiros morram antes mesmo de receber os benefícios”, escreve.
Confira abaixo a íntegra do texto, publicado na Folha de S.Paulo.
A Previdência, entendida como precaução, é um mandamento irrecusável de líderes e gestores. A amplitude de sua reforma recomenda o dobro em cautela, uma vez que o tema afeta a vida de todos os cidadãos e das gerações futuras.
Em razão dessa magnitude, o Congresso Nacional advogou a discussão antecipada do texto para minimizar as previsíveis fricções. Todos concordam que uma reforma é necessária, mas qual?
Três presidentes (FHC, Lula e Dilma) fizeram as suas. É compreensível que o presidente Michel Temer, relator de uma delas, também o faça. Há deformações históricas e privilégios a serem corrigidos.
O debate prévio traria o Congresso para uma coautoria da emenda e calibraria a reforma possível, respeitando as especificidades do caso brasileiro. Entretanto, a concepção fria de um balancete para fazer face à crise fiscal ignorou a inclusão, a proteção social e desdenhou o contorno humano.
Em um país que não taxa distribuição de lucros, o governo corre para propor uma reforma que visa, ao longo de dez anos, gerar uma receita aos cofres públicos de R$ 738 bilhões. Pretende-se combater o deficit espetando a conta no trabalhador.
Em pelos menos 15 países desenvolvidos, a média da participação tripartite da seguridade social é a seguinte: 45% dos governos, 35% dos empregadores e o restante dos trabalhadores.
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