11/11/2016
08:51

Por Josias de Souza

Como previsto, o PT e seus aliados lançaram na noite passada um movimento em defesa de Lula. O ápice do evento foi um discurso do próprio Lula. Além de desqualificar a Lava Jato e as autoridades responsáveis pela operação, o ex-presidente atribuiu as mazelas econômicas do país ao recém-instalado governo de Michel Temer. Lamentou, por exemplo que, após “as conquistas do povo no nosso governo”, 12 milhões de brasileiros tenham sido mandados para o olho da rua.

“É com muita tristeza que o desemprego que a gente quase acabou está voltando. E já está a quase 12%”, lastimou Lula. “O salário que os trabalhadores aprenderam a conquistar está, nesse momento, sofrendo um arrocho. E todas as categorias estão tendo aumento menor do que a inflação.” Lula desconsiderou o fato de que a ruína em que se misturam a recessão e a carestia foi 100% produzida no governo de Dilma Rousseff, a supergerente ficcional que ele vendera aos eleitores em duas disputas presidenciais.

Lula parecia um orador saído da máquina do tempo. Repetia raciocínios de 2010, ano em que encerrou o segundo reinado elegendo sua “poste” como sucessora. Criticou os elitistas que se aborrecem com as “pessoas humildes” que passaram a “lotar os aeroportos”. Ou “se incomodam quando as pessoas pobres começam a frequentar o parque do Ibirapuera, os teatros, começam a entrar num restaurante.” É como se Lula, de volta de uma hibernação de seis anos, não soubesse que, depois de fazer sua sucessora, ela cuidou de desfazê-lo.

Ignorando a herança ruinosa de Dilma, Lula disse que os membros dessa elite avessa aos humildes que subiram “um degrau na escala social agora devem estar muito felizes, porque eles estão […] fazendo as pessoas voltar para o andar de baixo.” Eles, no caso, são os integrantes do “governo ilegítimo” que impõe ao país “a supressão de direitos e a destruição de políticas sociais.” Lula não cita o nome de Temer e de seus ministros. Talvez para não ter de recordar que o titular da Fazenda é Henrique Meirelles, que presidiu o Banco Central durante o seu reinado. E só não virou ministro de Dilma porque ela refugou os conselhos do seu criador.

Serviço: pressionando aqui, você chega ao vídeo que exibe a íntegra do ato em defesa de Lula. A peça dura 2h 39min 28s. O discurso de Lula começa na altura de 2 h 03min 05s.

Publicado por: Chico Gregorio

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