El País
Na análise de seus auxiliares, Michel Temer cometeu um erro político ao subestimar o potencial dos primeiros protestos contra seu Governo dizendo que eles são “grupos mínimos”, “as 40 pessoas que quebram carro” durante a viagem à China, sua primeira como presidente ratificado. Por isso, o movimento do Planalto, um dia depois do protesto que reuniu milhares em São Paulo contra o Governo pedindo novas eleições presidenciais, foi calibrar a mensagem. O primeiro a ensaiar o novo discurso foi o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Ainda na China, onde participa do encontro do G20, o chefe da equipe econômica falou em número substancial, “apesar de minoritário”. Ainda que um novo pleito seja considerado improvável, se não impossível, no atual cenário político, analistas avaliam que o mote “diretas já”, abraçado por parte das ruas desde o impeachment de Dilma Rousseff, pode ser o ponto de partida para manifestações de rua contra o pacote de reformas e cortes prometido pelo novo Governo para os próximos meses.
Por ora, a persistência dos atos com volume e força —para além do constrangimento de ministros de Temer ao gritos de “golpista” que tem se repetido —ainda está por ser provada nas ruas. Há pelo menos mais dois atos programados para essa semana: no feriado de 7 de Setembro e no dia 8 de setembro, tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro. Se houve atos expressivos na capital paulista e em cidades como Florianópolis e Porto Alegre, a onda de indignação contra o novo Governo não apareceu em Brasília com o mesmo ímpeto: um dos únicos protestos na cidade aconteceu no Ministério do Planejamento, ocupado na madrugada desta segunda-feira por manifestantes sem-terra que pedem a volta de assentamentos e dizem não reconhecer o atual Governo. Porém, não pediram novas eleições explicitamente.
“Objetivamente, não há chances de novas eleições diretas para presidente. Esses protestos servem para denunciar que Temer é um presidente sem votos, que não dialogou com a sociedade porque não apresentou suas propostas na campanha eleitoral de 2014. Mas para nisso”, afirmou o diretor do Departamento Intersindical de Análise Parlamentar (DIAP), Antônio Augusto de Queiroz.
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