13/09/2016
09:30

El País

Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por muito tempo se vangloriava de ter sua própria bancada, que o alçou à presidência da Câmara em 2015. Era um baixo clero com mais de cem aliados de diversos partidos juntamente com seus correligionários e colegas que fez ao longo de quatro mandatos consecutivos e alegadas estratégias conjuntas para arrecadar fundos de campanha. Por isso, a cena que se via no plenário da Câmara dos Deputados que o cassou nesta segunda-feira era, até alguns meses atrás, inimaginável: Cunha quase unanimemente abandonado. Com exceção de Carlos Marun (PMDB-MS) e de Edson Moreira (PR-MG) – dois parlamentares em primeiro mandato que se tornaram quase guarda-costas dele -, pouquíssimos se aproximavam do ex-presidente da Casa. Apenas esses dois discursaram em sua defesa.

Esse isolamento resultou no placar de 450 votos a favor de sua cassação, apenas 10 contrários e 9 abstenções. O número foi bem superior aos 257 necessários para que ele fosse cassado. Foi o sétimo parlamentar a perder o mandato desde 2001, quando o Conselho de Ética foi criado. Com a cassação, Cunha se tornou fica-suja e fica inelegível até 2027. Sem o cargo eletivo e, consecutivamente, sem a prerrogativa de foro privilegiado, os cinco processos que tramitam contra o peemedebista no Supremo Tribunal Federal (STF) deverão ser enviados ao juiz de primeira instância Sergio Moro, o responsável pela Operação Lava Jato em Curitiba. Era tudo o que ele não queria.

De todo-poderoso a abandonado, agora ele deve se tornar um homem-bomba, com potencial de abalar toda a classe política brasileira. O temor de parte de seus aliados é que, para se livrar de punições duras, como a prisão, o peemedebista faça um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal e entregue alguns de seus colegas em eventuais irregularidades. Ele nega que fará qualquer acordo (“Quem faz delação é criminoso e eu não sou criminoso”, repetiu após a cassação),mas diz que contará toda a história do impeachment de Dilma Rousseff em um livro no qual pretende relatar conversas com todos os políticos com quem conviveu neste período. Inclusive o atual presidente Michel Temer (PMDB) e um de seus principais auxiliares, Moreira Franco. Nada foi gravado. “Tenho uma boa memória”, disse o ex-deputado ao fim da sessão. Desempregado, Cunha afirma que sua primeira ocupação agora será buscar uma editora que queira publicar esse livro, com o qual ele afirma que pretende “ganhar muito dinheiro”. Depois vai pensar no que fazer.

 

Publicado por: Chico Gregorio

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