É preciso ficar claro que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) foi uma manobra para, entre outras coisas, livrar a Corte da desmoralização de manter paralisada a denúncia contra um deputado tão sujo, quanto Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A decisão de última hora que ultrapassou os poderes do Judiciário não escondeu a demora de 141 dias para que o ministro Teori Zavaski se posicionasse a favor da liminar pelo afastamento de Cunha da presidência da Câmara dos Deputado e de seu mandato parlamentar. O que acontece apenas depois de o golpe ter passado na Câmara com o voto de 367 deputados; e por decisiva atuação e intervenção do então presidente da Casa.

Com a decisão procuram preservar o judiciário. Entretanto essa manobra pode ter sido feita tardiamente. Mesmo com o encobrimento dado pela imprensa capitalista é facilmente perceptível que afastar provisoriamente Eduardo Cunha depois que o impeachment foi aprovado na Câmara não pretende punir o deputado ou fazer justiça diante de seus crimes.Além disso, a liminar serve também para tentar preservar o próprio golpe.

O Supremo revela seu papel no golpe de Estado. Qualquer dificuldade que o impeachment, a derrubada de Dilma Rousseff, do PT, encontre pela frente no parlamento, o judiciário estará pronto para intervir.

O golpe não é motivado por sentimento de vingança por parte de Cunha, não é uma trama do vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), tampouco, a luta contra corrupção ou o simples desejo de tirar o PT. Essa é uma necessidade da burguesia e um plano que envolve as instituições do Estado, tanto o Parlamento quanto do judiciário, a Polícia Federal, etc.

Cada um exerce seu papel conforme os interesses da burguesia. Daí a a importância de denunciar a manobra.