O vice-presidente Michel Temer (PMDB) comunicou a seus aliados que vai retomar o plano de promover um corte substancial na máquina do governo e, com isso, reduzir no primeiro escalão o leque das barganhas políticas de sua eventual base aliada.
Ter uma estrutura mais enxuta era plano original de Temer, que foi abandonando a ideia à medida que dirigentes partidários apresentaram pleitos para ocupar cargos por apoio no Congresso.
O recuo foi criticado até por aliados, que acusavam Temer de repetir os mesmos erros de Dilma Rousseff. O vice sentiu o peso da reprovação pública à negociação de espaços.
Ele recebeu uma série de especialistas em comunicação e pesquisas que mostraram a reprovação do chamado “toma lá dá cá” e apontaram ampla expectativas de enxugamento da máquina.
Quem esteve com o peemedebista diz que ele demonstrou preocupação em “desapontar a sociedade” por não implementar “o que esperam dele”.
Temer começou a esboçar desconforto com as negociações já na sexta (6), como mostrou a coluna “Painel”, da Folha. Depois, decidiu passar a maior parte do fim de semana em São Paulo, onde só recebeu aliados mais próximos.
À noite, voltou a Brasília e discutiu o novo formato do ministério com a cúpula de sua articulação política e com Henrique Meirelles, que deve ser o ministro da Fazenda
Há, no entanto, um receio de que a retomada dos planos abale a tentativa de Temer de construir uma base ampla na Câmara, o que inviabilizaria a aprovação de projetos, e até mude alguns votos no Senado, que deve apreciar o afastamento de Dilma nesta quarta (11).
Dilma tem 32 ministérios. Temer havia pensado primeiro em algo em torno de 20, depois disse que não conseguiria cortar a menos do que 26.
O vice já começou a informar dirigentes de partidos aliados sobre seus planos. Para convencer o PSDB a ter menos espaços, o próprio Temer foi no domingo (8) à noite, segundo aliados, se encontrar com o presidente do partido, Aécio Neves (PSDB-MG).
Aécio é apontado como padrinho de duas indicações: Tasso Jereissatti (PSDB-CE) para Desenvolvimento e Bruno Araújo (PSDB-PE) para Cidades. Temer tem em sua cota pessoal mais dois tucanos: o senador José
Serra, que deve ir para o Itamaraty, e o secretário da Segurança de SP, Alexandre de Moraes, para a pasta da Justiça.
O vice também já falou com o presidente do PPS, Roberto Freire (SP), que era dado como nome certo para o Ministério da Cultura. Temer afirmou que não pretende mais manter a pasta e que deve fazer uma fusão com outro ministério, provavelmente a Educação. Além disso, o vice anunciou ter desistido de entregar a Ciência e Tecnologia ao PRB.
Ele voltou a pensar em um modelo no qual a pasta seja incorporada a outra. O presidente da sigla, o bispo licenciado da Igreja Universal Marcos Pereira, era o nome para a pasta, o que causou críticas na comunidade científica.
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