19/04/2016
11:02

Do Notícias ao Minuto

O relacionamento de Dilma com os Estados Unidos foi instável durante anos, e altamente afetado pelas declarações de denúncia da presidente à espionagem da NSA, que atingiu a indústria brasileira, a população e a presidente pessoalmente, assim como as estreitas relações comerciais do Brasil com a China. Autoridades em Washington parecem deixar claro que não veem mais o Brasil como seguro para o capital.

Muitas pessoas da esquerda brasileira acreditam que os os norte-americanos estão planejando ativamente a instabilidade atual no país com o propósito de se livrar de um partido que se apoiou no comércio com a China.

Embora não exista nenhuma evidência que comprove essa teoria, em uma viagem pouco divulgada aos Estados Unidos, um dos principais líderes da oposição brasileira deve provavelmente alimentar essas preocupações. No dia seguinte à votação do impeachment o Senador Aloysio Nunes (PSDB) estará em Washington para participar de três dias de reuniões com várias autoridades norte-americanas, além de lobistas e pessoas influentes próximas a Clinton e outras lideranças políticas.

Nunes vai se reunir com o presidente e um membro do Comitê de Relações Internacionais do Senado, Bob Corker e Ben Cardin, e com o Subsecretário de Estado e ex-Embaixador no Brasil, Thomas Shannon. Irá ainda comparecer a um almoço promovido pela empresa lobista de Washington, Albright Stonebridge Group, comandada pela ex-Secretária de Estado de Clinton, Madeleine Albright e pelo ex-Secretário de Comércio de Bush e ex-diretor-executivo da empresa Kellogg, Carlos Gutierrez.

A Embaixada Brasileira em Washington e o gabinete do Senador Nunes disseram ao jornal  The Intercept que não tinham maiores informações a respeito do almoço de terça-feira (19).

Figura da oposição muito importante, Nunes já que concorreu à vice-presidência em 2014 na chapa do PSDB, que perdeu para Dilma. Aparentemente ele passa a ser uma das figuras-chave de oposição que lideram a luta do impeachment contra Dilma no Senado.

O senador Nunes foi apontado em denúncias de corrupção. Em setembro do ano passado, um juiz ordenou uma investigação criminal após um executivo de uma empresa de construção declarar a investigadores ter oferecido R$ 500.000 para financiar sua campanha. R$ 300.000 enviados legalmente e mais R$ 200.000 em propinas ilícitas de caixa dois, para ganhar contratos com a Petrobras. E essa não é a primeira acusação do tipo contra ele.

O vice-presidente teria enviado Nunes para Washington, segundo a Folha de S. Paulo, para lançar uma “contraofensiva de relações públicas” e combater o aumento do sentimento anti-impeachment ao redor do mundo”. Nunes disse, em Washington, “vamos explicar que o Brasil não é uma república de bananas”.

Temer, em particular, estava abertamente preocupado e furioso com a denúncia do impeachment pela Organização de Estados Americanos, apoiada pelo Estados Unidos, cujo secretário-geral, Luis Almagro, disse que estava “preocupado com [a] credibilidade de alguns daqueles que julgarão e decidirão o processo” contra Dilma.

A viagem para Washington dessa figura-chave da oposição e envolvida em escândalos de corrupção, um dia após a Câmara ter votado pelo impeachment de Dilma, levanta dúvidas sobre a postura dos Estados Unidos em relação à remoção da presidente.

O gabinete do Senador Nunes, porém, informou que a ligação do vice-presidente não foi o motivo para sua viagem a Washington.

Publicado por: Chico Gregorio

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