09/03/2016
10:31

olha de SP

Pedro Ladeira – 3.nov.15/Folhapress

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Vinícius Gurgel (PR-AP) em reunião do Conselho de Ética sobre cassação de Cunha

A tentativa de enterrar o processo de cassação contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), envolveu a falsificação da assinatura de um deputado federal, atestam dois laudos grafotécnicos encomendados pela Folha.

Os peritos consultados asseguram que a assinatura do deputado Vinícius Gurgel (PR-AP), na carta em que ele renuncia à vaga de titular no Conselho de Ética, documento entregue ao órgão por aliados de Cunha, é uma falsificação “grosseira” e “primária”.

Gurgel, que é aliado e voto declarado a favor de Cunha, estava fora de Brasília na noite do dia 1º de março e na madrugada do dia 2, quando oConselho de Ética aprovou por margem apertadíssima –11 votos a 10– dar sequência ao processo de cassação contra o presidente da Câmara.

Em um cenário em que cada voto era considerado decisivo, Cunha e aliados queriam evitar que o suplente de Gurgel, um deputado do PT e contrário a Cunha, votasse.

Para isso, era preciso que Gurgel renunciasse à vaga no Conselho, o que abriria a possibilidade de o PR indicar outro deputado pró-Cunha.

De forma atípica, Cunha esticou naquele dia 1º uma esvaziada sessão do plenário da Câmara até após as 23h, com pouco mais de dez aliados presentes.

O objetivo era atrasar a votação no Conselho –que só poderia ocorrer após o plenário encerrar as atividades– até que a operação para a troca de Gurgel fosse concluída.

A carta de renúncia de Gurgel chegou ao Conselho às 22h40. Seis minutos depois, chegava a indicação, para a vaga, do líder da bancada, Maurício Quintella Lessa (AL), que votou a favor de Cunha.

Folha encaminhou para a perícia cópia da carta de renúncia de Gurgel e três assinaturas do deputado reconhecidamente autênticas, dadas em outros documentos da Câmara dos Deputados.

O Instituto Del Picchia, de São Paulo, emitiu laudo afirmando que a assinatura da carta de renúncia apresenta características “peculiares às falsificações produzidas por processo de imitação lenta, quais seja, imitação servil ou decalque”, com “inequívocos índices primários das falsificações gráficas”.

OUTRO LADO

O deputado federal Vinícius Gurgel (PR-AP), 37, afirma que embora estivesse fora de Brasília durante a votação deixou em seu gabinete diversas cartas de renúncia assinadas. Segundo ele, a falsificação apontada pelos peritos pode decorrer da tremedeira por tê-las assinado de ressaca.
“Se eu assinei com pressa, se eu tava [de] porre, se eu tava de ressaca, se eu assinei com letra diferente, não vou ficar me batendo por isso”, disse.

Publicado por: Chico Gregorio

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