29/12/2015
11:54

Por Paulo Moreira Leite, do 247
Com uma história que é motivo de orgulho no desenvolvimento brasileiro, a cidade paulista de Cubatão chega ao final de 2015 como um dramático cartão postal da pior recessão que o país enfrenta em 30 anos.
Em 1948, foi em Cubatão que nasceu Presidente Bernardes, a primeira grande refinaria de petróleo do país, mais antiga que a própria Petrobras. Responsável por mais de 40% do refino feito no Brasil na época – hoje essa participação é de 11% — na última década seu crescimento estava ligado ao pré-sal, hoje comprometido por dois fatores nefastos:  a queda no preço internacional do barril do petróleo, somada ao colapso geral da Petrobras e da indústria de oleo e gás produzido pelas investigações da Lava Jato.
Até a próxima quinta-feira, 31 de dezembro, a cidade acompanha, num ambiente de tensão crescente, o destino de outro gigante local — a Usiminas, antiga Cosipa. Inaugurada em 1955, a siderúrgica foi privatizada 30 anos depois, no governo Itamar Franco. Com 4300 empregos diretos, e 5500 empregos de terceirizados, gerando ainda dezenas de milhares de postos de trabalho indiretos numa cidade com 127 000 habitantes, a Usiminas tomou a decisão de encerrar suas atividades nas próximas 72 horas.
Pelos planos da direção da siderúrgica, toda atividade será encerrada, restando apenas a produção dos chamados “laminados a quente.” Embora a indústria do aço enfrente dificuldades conhecidas, até por comparação se trata de uma decisão especialmente dramática. Enfrentando uma conjuntura difícil na mesma atividade, a Companhia Siderúrgica Nacional, CSN, reduziu o quadro de funcionários e boa parte das atividades – mas não chegou a um ponto de fechar as portas, como se pretende fazer em Cubatão.
Em estado de alerta desde que as medidas foram anunciadas, a prefeita da cidade, Marcia Rosa Mendonça e Silva, do Partido dos Trabalhadores, deu uma entrevista ao 247 sobre a mobilização contra o fechamento da usina.
No início de novembro, quando a decisão foi anunciada, ela liderou a formação uma frente de resistência, construída por 17 entidades, entre sindicatos e outras associações de moradores e cidadãos. Numa jornada de protesto, o comércio local fechou as portas. Dom Tarcisio, bispo da região, e as denominações evangélicas, em atividade no local, também se engajaram. A própria Marcia Rosa já esteve em Brasília, onde foi recebida pelo Ministro do Trabalho e Emprego, Miguel Rossetto, e Ricardo Berzoini, das Relações Institucionais. O assunto também apareceu na CPI sobre o BNDES, já que, após a privatização da usina, o banco ofereceu uma generosa injeção de recursos para os novos acionistas.

Publicado por: Chico Gregorio

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