EL PAÍS – Da antessala de seu gabinete, com vista para o Viaduto do Chá, onde costuma receber a imprensa e se reunir com seus secretários, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, monitora a cidade por enormes telões. Em um deles observa o trânsito da capital. Em outro, os alertas de risco de enchentes. Um terceiro expõe um quadro com câmeras que na manhã da última quarta-feira retratavam, em tempo real, a porta da Prefeitura, onde um pequeno grupo de sem-teto acampava havia dias em protesto, e cada detalhe (incluindo rostos, roupas e comércio de pedras) do intenso fluxo de usuários de drogas da cracolândia –a única imagem daquela sala de situação que nunca é trocada, a pedido dele.
– Por que a imagem da cracolândia sempre, prefeito?
– É o projeto que eu mais tenho vontade de resolver. É uma coisa que tem que persistir todos os dias. Não pode desistir do território. Se você desiste do território ele vira outra coisa, diz, em uma afirmação que poderia servir para explicar também a sua relação com a própria cidade.
Às vésperas de entrar em seu último ano de mandato e em meio aos primeiros movimentos das eleições municipais de 2016, que se desenham para um enfrentamento com sua ex-aliada Marta Suplicy, Haddad vive um momento de boas notícias. Ao menos neste último mês. Foi chamado de visionário pelo The Wall Street Journal e ganhou elogios da prefeita de Paris, Anne Hidalgo.
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