18/09/2015
07:41

G 1 – PB.

Médico espanhol Rafael de Quinta Frutos realiza atendimento em aldeia indígena de Baía da Traição, no Litoral Norte da Paraíba (Foto: Rafael de Quinta Frutos/Arquivo pessoal)Rafael de Quinta Frutos realiza atendimento em aldeia indígena de Baía da Traição, no Litoral Norte da Paraíba (Foto: Rafael de Quinta Frutos/Arquivo pessoal)

O médico espanhol Rafael de Quinta Frutos, de 61 anos, foi um dos primeiros estrangeiros do programa ‘Mais Médicos’ a desembarcarem no país e chegou à Paraíba em 2013 para trabalhar no posto de saúde do município de Baía da Traição, no Litoral Norte do estado. Depois de dois anos trabalhando em área habitada por indígenas, ele lida com um vocabulário que está além do seu bom português, mas reclama de ser alvo de preconceito dos colegas.

“Eu sou o médico que atende mais pessoas na Baía (da Traição). Todos os outros médicos atendem menos pacientes que eu porque sou eu quem fica mais tempo no posto e porque as pessoas gostam muito de mim e me procuram. Mas quando eu envio um paciente para um hospital, eu digo pra eles falarem que o médico é um ‘cubano ruim’”, disse.

Ele explicou que, a princípio, atendia os pacientes com naturalidade, mas que os médicos brasileiros falavam mal dele sem nem conhecê-lo. “Diziam que o remédio não servia para nada, me criticavam. Quando eu mandava fazer raio-x, ultrassom, não faziam nada do que eu mandava. Porque o meu registro delata que sou do programa Mais Médicos”, relatou o estrangeiro.

A partir disso, ele diz que se viu obrigado a pedir que os seus pacientes mentissem para os médicos do hospital. “Quando eles precisam de um raio-x, eu mando dizer que eu me neguei a solicitar um raio-x. Então, na urgência, eles solicitam o raio-x sem problemas. Se no laudo eu indico um exame, eles dizem que não precisa. Eu faço isso porque penso que eles precisam e não têm condições de gastar esse dinheiro”, comentou.

O diretor de Fiscalização do Conselho Regional de Medicina (CRM), João Alberto, explicou que a responsabilidade do conselho é apenas em relação aos médicos brasileiros e que não tem conhecimento da qualificação dos estrangeiros trazidos pelo Mais Médicos. “Nós não podemos obrigar um colega a atender às solicitações de um médico que ele não sabe se é médico. Mas se algum profissional, como o espanhol, tiver dificuldades, ele pode nos procurar”, declarou.

Publicado por: Chico Gregorio

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