Entre festas, eventos sociais e a academia de ginástica, a prefeita Lidiane Leite (PRB), 25, administrava Bom Jardim com os dois polegares e a 275 km de distância, em São Luís.

Era por meio de um grupo no aplicativo de mensagens WhatsApp, batizado de “Força Tarefa”, que a prefeita despachava com secretários, no mesmo celular que usava para tirar fotos de si mesma.

Foragida há uma semana, desde a deflagração da Operação Éden, da Polícia Federal, ela é suspeita de desviar R$ 15 milhões da educação da cidade, onde há escolas funcionando debaixo de árvores.

Lidiane chegou ao cargo por acaso. A dias da eleição de 2012, assumiu a candidatura no lugar do namorado, o pecuarista Beto Rocha, barrado pela Lei da Ficha Limpa.

Eleita prefeita, nomeou o namorado como seu secretário de Assuntos Políticos. Preso na semana passada pela Polícia Federal, Beto é quem tocava o dia a dia da prefeitura, segundo políticos locais.

Antes, Lidiane vendia leite na porta de casa e ajudava a mãe em uma loja de roupas. Deixou a vida de classe média após conhecer Beto, que tem patrimônio pessoal avaliado em quase R$ 14 milhões, segundo a Justiça.

Enquanto tocava a administração da prefeitura, Lidiane passou a enfrentar acusações de corrupção. Foi afastada do cargo três vezes, mas voltou amparada por decisões judiciais provisórias.

Ela responde a ações por cortar salários dos professores, não cumprir o calendário escolar e não regularizar o fornecimento de merenda. Na quinta (27), o Ministério Público do Maranhão pediu o afastamento da prefeita.

Acossada pelas investigações, a prefeita ainda sofreu baixa pessoal e política no início do ano: rompeu o relacionamento com Beto Rocha, que deixou o cargo de secretário.

OUTRO LADO

O advogado Carlos Barros alegou, ao pedir o habeas corpus de Lidiane, que ela assumiu o cargo “em tenra idade” e delegou funções ao namorado “por inexperiência e confiança”. Barros disse que ela “está sofrendo” e fugiu numa decisão “impulsiva”.