Um dia depois de cair na “arapuca” venezuelana, como ele mesmo denominou o episódio em que a comitiva de senadores brasileiros que desembarcou na Venezuela, na quinta-feira (18), e teve a viagem bloqueada por manifestantes favoráveis ao governo do presidente Nicolás Maduro, o senador José Agripino cobrou de Dilma Rousseff uma posição clara: A solidariedade da presidenta ao bolivarianismo ou os interesses do Brasil e a autonomia do Congresso Brasileiro.

Nesta sexta-feira a oposição anunciou que convocará o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e o embaixador do Brasil na Venezuela, Rui Pereira, para dar explicações na Comissão de Relações Exteriores do Senado sobre a omissão do país frente aos ataques. Agripino lembra que a Venezuela, como integrante do Mercosul, deve obedecer a manutenção do princípio democrático estabelecido pelo Tratado de Ushuaia, de 1998, tratado que ela mesmo assumiu obedecer. “Entretanto, a cláusula democrática não existe no país, por isso ele não tem o direito de participar do bloco”, escreve Agripino em sua conta do Facebook.

“O curioso é que, para livrar um brasileiro condenado por tráfico de drogas nas Filipinas, a presidente ligou pessoalmente para o embaixador e o fato foi divulgado por toda a imprensa. Agora, para preservar a democracia brasileira e a integridade física de um grupo de senadores, que estava na Venezuela para uma missão diplomática, ela não deu uma palavra. Pelo contrário: tudo leva a crer a uma espécie de ‘combinemos’ entre o Itamaraty e as forças da Venezuela”, disse o senador. E acrescentou: “Fomos em missão humanitária, de solidariedade aos presos políticos perseguidos pelo regime ditatorial de Maduro e vimos que o princípio democrático na América Latina não é cumprido ali. Isso é grave”.

Ainda em seu texto, Agripino pede uma explicação e posicionamento do governo brasileiro frente aos ataques sofridos na Venezuela. “Tenho certeza de que o Congresso Nacional não esquecerá esse episódio”.