Do Fato Online
A retomada das investigações sobre a passagem do senador Delcídio do Amaral pela Petrobras, onde ele foi diretor de Gás e Energia antes de entrar na política, pode incluir, por tabela, o governo do PSDB no rol de suspeitos no escândalo da estatal. O fio da meada está num dos depoimentos do delator Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. Ele relatou ao juiz Sérgio Moro ter tomado conhecimento que o senador e seu então “apadrinhado” político na estatal, Nestor Cerveró, teriam recebido em 2001 uma propina da multinacional francese Alstom para facilitar a compra de turbinas termelétricas no período em que o governo adotou medidas emergenciais para controlar a crise de abastecimento de energia provocado pelo “apagão” ocorrido no final da gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
“Era de conhecimento interno da Petrobras, que teria havido um ‘acerto’ para viabilizar este contrato e que a propina paga pela Alstom teria sido destinada a Nestor Cerveró e Delcídio Amaral”, afirma o delator. Costa, que ocupava uma das gerências da diretoria chefiada por Delcídio, diz que na época não havia suspeitas sobre controle dos partidos políticos na estatal. “Não teria sido este dinheiro, aparentemente, destinado a qualquer campanha política”, afirma, sugerindo que a suposta propina não passou pelo núcleo político que tomou conta dos contratos da estatal a partir de 2006.
As declarações de Costa fazem parte da investigação preliminar aberta pelo procurador Geral da República, Rodrigo Janot, no início do ano, mas arquivadas em março, quando este anunciou a lista de 13 senadores e 26 deputados que se tornaram alvos de inquérito abertos pelo STF (Supremo Tribunal Federal) pelos desvios na Petrobras. Ao confirmar que ficara fora da “Lista de Janot”, o senador deu uma festa em sua residência, em Campo Grande. À época Janot considerou que não havia indícios suficientes e deixou a denúncia de lado, ressalvando que se surgisse fato novo, o caso poderia voltar a ser investigado.
Era a segunda vez que Delcídio escapava da mesma investigação. Em 2003, assim que assumiu o primeiro mandato como senador, Delcídio enfrentaria a primeira suspeita de recebimento de propina da Alstom. Uma ação aberta na Procuradoria da República do Distrito Federal por abuso de poder econômico na campanha do ano anterior traria a tona a compra de uma das turbinas, a que seria usada na Termo-Rio, em cujo negócio a Petrobras teria sido lesada em US$ 22 milhões.
Publicado por: Chico Gregorio