Um estudo publicado nesta segunda (2) na Revista de Saúde Pública mostra que um único medicamento usado no tratamento de doenças raras custou ao SUS, no período de 11 anos, R$ 2,44 bilhões.
O trabalho, feito por pesquisadores do Instituto de Medicina Social da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), avaliou as aquisições de eculizumabe, um anticorpo monoclonal, pelo Ministério da Saúde entre março de 2007 e dezembro de 2018.
As compras foram feitas sem licitação para atendimento de demandas judiciais. O estudo mostra o impacto que esse tipo de compra, fora do ambiente competitivo, causa ao sistema público de saúde.
Após a aprovação do registro pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o preço médio do remédio caiu cerca de 35%, para valores abaixo dos preços estabelecidos pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos.
O eculizumabe é um medicamento indicado para amenizar complicações de pacientes adultos e pediátricos com duas doenças raras, a hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) e a síndrome urêmico-hemolítica atípica (SHUa). Causam anemias graves, falência de medula óssea e dano renal progressivo.
Segundo o estudo, o mapeamento das compras mostrou que as primeiras aquisições do eculizumabe ocorreram em fevereiro de 2009, dois anos após o primeiro registro internacional. No período examinado, todas as compras federais do eculizumabe foram realizadas pelo Ministério da Saúde por dispensa de licitação e sempre com a justificativa de atendimento de demandas judiciais.
Até o registro em 2017, de acordo com os pesquisadores, houve grande variação no preço médio, que chegou a atingir o valor de R$ 27.933,76 em 2016. Já as aquisições realizadas depois do registro e após a fixação do preço máximo de venda ao governo ficaram abaixo de R$ 13.600,90.
O eculizumabe já foi descrito como o mais caro do mundo, com custo aproximado de US$ 410 mil por paciente/ano nos EUA em 2010.
No Brasil, o custo de tratamento de um único paciente ao ano, obtido via judicial, ultrapassava R$ 800 mil em 2012.
Cláudia Collucci
Jornalista especializada em saúde, autora de “Quero ser mãe” e “Por que a gravidez não vem?”.
FOLHAPRESS
Para continuar lendo é só clicar aqui: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/claudiacollucci/2020/03/um-unico-remedio-custou-ao-sus-r-244-bilhoes-em-11-anos-revela-estudo.shtml
Publicado por: Chico Gregorio