
Tempos idos, quando ainda se ouvia o rasgo da ema , nos descampados do tempo e terras ribeirinhas dos sertões do Seridó. Empreendedores vindos das terras d`além-mar, Viana, Minho, Trás-os-Montes e Alto Douro, feudos ibéricos, após a “guerra dos gentios bárbaros”, (1695), adentraram nas terras do Acauã-Seridó, seguindo a trilha Olinda, Igaraçu, Goiana até topar o solo potiguar.
Traziam lotes de aproximadamente duzentos e cinquenta cabeças de gado. Entregavam ao vaqueiro que tinha a coadjuvância dos atrelados (nominados de fábricas). O empreendedor pioneiro, tinha a alcunha de “Marinheiro”. Supunham que este nome tinha um viés para o cênico de homens de tez branca e de pessoas de razoáveis recursos, e de espírito afeito ao empreendedorismo.
No segundo quartel, quase na idade meã do Século XIX, os Dantas do Teixeira, grandes criadores e gente recursada, viveram uma espécie de entrevero belicoso, muitos desceram para as terras férteis do Piancó-Piranhas-açu e permeio do Espinharas. Daí a presença dessa saga Dantas, na Paraíba e Rio Grande do Norte, que não são parentes distantes dos Dantas do Patriarca Caetano e Dom Adelino e dos que também viveram em Catolé do Rocha e também daqueles que foram consolidar as luzes do saber na Veneza brasileira (Recife).
Tempos mais recentes finzinhos das eras de cinquenta, ainda um infante que colhia araçás nos campos aberto do meu sertão, em plena quadra invernosa, de l959, baita refrigério para os que escaparam do ano ruim de l958, nas andanças de peralta com meus contemporâneos pelas ruas, demos com o som da difusora em cantos fúnebres. A morte havia abatido o velho Marinheiro.
Meu avô, Chico Eloi, tangerino-mor de Marinheiro, durante todas as inclementes secas, principalmente, a seca de l958, conduzindo as grandes retiradas de gado para as serras paraibanas. morava em uma casa de taipa, “Chegara e dissera para minha avó.” Aninha, Marinheiro Morreu. nunca mais vai ter um homem que nem seu Marinheiro.” Foi um dia de juízo. As lágrimas de minha ancestral foram seguidas pelas de meu avô, pois, tinham com Marinheiro, uma resina de profunda amizade e confiança recíproca.
Marinheiro o maior empreendedor de todos os tempos de nossa terra. Milhares de hectares de terra, grande criador de gado vacum. Trazia as boiadas do Piauí, gado pé-duro, depois indu-brasil, gir. O maior plantador de algodão daquelas paragens. Usineiro, tinha unidades de beneficiamento de algodão em suas propriedades, na Cidade de São Bento (PB).
Mas, o “Véio Marinheiro”, como afetivamente era tratado pelos seus amigos e conterrâneos, tinha o tirocínio político, líder inconteste. Prefeito, Senador da República, não assumira o mandato, porque o amor pela sua “Esperas” era maior, declinou quando houve a vacância no Senado.
E mais grandiosa era seu amor por nossa Jardim. Que, aliás, foi o grande planejador da Jardim de hoje.
Solidário, mesmo com os adversários, se estes se encontrassem em dificuldade. 1935, interventoria de Mário Câmara, eleição transcorrendo. Tenente Oscar Mateus Rangel, (assassino de Otávio Lamartine), delegado regional para o Seridó, surrava os adeptos de Dinarte, José augusto. Piqueteava Caicó. Dinarte valeu-se de Marinheiro nas “Esperas”, e foi atendido. Marinheiro veio a Caicó, e inibiu a fúria daquele desvairado delinquente.
Não é tudo, o Velho Marinheiro é muito mais do que isso. Um coronel moderno, um patriarca que tinha zelo e cuidado com o seu povo.
Jair Eloi de Souza.
Publicado por: Chico Gregorio