O ex-presidente Lula faz campanha junto com o prefeito e candidato Fernando Haddad em São Mateus, na zona leste de São Paulo
Na última semana de campanha eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi ao extremo leste de São Paulo para pedir votos ao candidato à reeleição em São Paulo, Fernando Haddad (PT), onde atacou “a publicidade contra o PT” e mirou os adversários que apoiam o presidente Michel Temer (PMDB).
“Por causa da publicidade contra o PT, vão colocar uma raposa no galinheiro. Tucano, que é menor do que raposa, já come filhote de passarinho. Imagine uma raposa. Então, dia 2, vamos eleger Haddad e [Gabriel] Chalita [PDT] para prefeito e vice em São Paulo”, discursou Lula na região de São Mateus, em referência ao partido de João Doria (PSDB), que aparece na liderança na última pesquisa Datafolha.
Lula fez parte do evento sem o candidato, que se atrasou em mais de uma hora por causa de sua participação numa plenária de campanha na região central.
O líder máximo do PT disse estranhar que, em São Paulo, embora ouça as pessoas pedirem a saída do presidente Temer, estejam optando por candidatos ligados a ele, em referência a Doria, Marta Suplicy (PMDB) e Celso Russomano (PRB).
“O povo de São Paulo não está diferente do resto do Brasil inteiro, gritando “fora, Temer”. O que eu acho estranho é que, nesse momento da história política de São Paulo, o povo que grita “Fora, Temer, está nas pesquisas votando em três candidatos que apoiam o Temer”, afirmou. “Ora, se o povo não quer um, como está aceitando três?”, disse.
Ele disse acreditar que, nas periferias, eleitores acham que candidatos ex-petistas ainda são do PT. “A Marta não é mais do PT”, disse em discurso a cerca de 400 pessoas. Parte delas, respondeu com gritos de “golpista” em relação à candidata.
Durante o corpo a corpo com eleitores no Jardim da Conquista, distrito de São Mateus, Haddad agradeceu a vinda de Lula à região onde o PT sempre contou com alto índice de votação, realidade que não se repete neste ano.
“É 13 no domingo, gente, não se iludam. Só o PT pode trazer conquistas sociais para a periferia”, disse Haddad. Ao lado dele, Chalita e seu principal padrinho focaram no tema educação nos discursos.
“A gente não pode entrar na aventura de votar num candidato que só fala em educação em ano de eleição”, disse Lula sem citar nomes de adversários.
Lula buscou mostrar o Haddad ex-ministro da Educação que mais universidades construiu e que mais jovens colocou nos bancos escolares de ensino superior.
Chamado de “Caminhada da Virada”, o evento é considerado a última tentativa do prefeito de reverter o cenário eleitoral, no qual amarga um quarto lugar nas pesquisas, com 10% das intenções de voto.
Enquanto estava sem Haddad, Lula ficou incomodado com a demora e acabou virando o centro das atenções a ponto de o deputado Adriano Diogo (PT) dizer: “É Haddad, gente. O Lula não é o nosso candidato no dia 2”.
“Estou preocupado com o horário. Já é meio-dia, a galinha está no forno, o feijão está esquentando, a caipiroska está sendo feita e o Corinthians pega o Cruzeiro. Vamos começar e a hora que o companheiro Haddad chegar ele sobe no carro”, disse Lula.
Com uma camisa polo com a estrela do PT no peito, Lula andou em cima de um carro de som ao lado de Haddad pela travessa Somos Todos Iguais. Junto com eles, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, e Chalita, que enaltecia Lula como “o presidente que levou negros e pobres à universidade”.
Um Lula rouco e que há duas semanas foi denunciado por suspeita de corrupção na Operação Lava Jato foi defendido por correligionários. A microfone, eles diziam que o líder máximo do PT era alvo de “perseguição de golpistas”.