13/08/2018
19:39

Esta semana foi divulgado um ranking nacional dos parlamentares em que o senador Garibaldi Alves (MDB) foi tido como o melhor e Fátima Bezerra (PT) a pior parlamentar do RN. Como costumeiramente tais seleções fazem uso de metodologias problemáticas e, não raro, enviesadas, fui lá avaliar como os deputados e senadores foram pontuados, quais eram os seus critérios objetivos. O ranking foi gerado pelo site: politicos.org.br.

Logo de cara um dado chama atenção. Os 100 primeiros colocados – olhei até este ponto – são de partidos que votaram em projetos de lei do governo Michel Temer. E, na medida em que a metodologia é avaliada, a razão para tanto é esclarecida. O sistema de pontuação tem um viés pró-governo Temer. Não, não acuso o site de ser patrocinado pelo governo. Mas fica evidente pelos seus critérios que eles valorizam a agenda que Temer trabalhou para aprovar no congresso. Feito por dois administradores, o ranking pontua positivamente leis pró-mercado.

Em suas próprias palavras:

“Quanto mais burocracia e poder concentrados nas mãos de poucos, maiores as chances para que os corruptos se aproveitem desse sistema. Por isso, valorizamos leis que diminuam a burocracia e facilitem o empreendedorismo e a concorrência, o que no final das contas vai fazer a corrupção diminuir. Quanto mais regulamentações inúteis e complicadas, mais “favores” existirão para serem vendidos”.

Temer, desde o início de seu governo, tem prometido, com suas reformas – a do teto de gastos, a trabalhista e a previdenciária -, tal ambiência.

E é aí que aquela suspeita inicial pró-governo se caracteriza de forma mais fundamentada. Ao relacionar produtividade com aprovação de leis pró-mercado, a agenda de Temer, o site cria um viés em que parlamentares da oposição, que normalmente votam contra o governo Temer, são marcados como improdutivos.

Só o problema acima já seria suficiente para invalidar a metodologia. Porém, há outros aspectos igualmente frágeis. O site alega que pontua negativamente quem tem processos judiciais e promove gastos. Ora, primeiro, ter processos judiciais não quer dizer absolutamente nada. Há uma presunção de culpa aqui absurda, sem nem procurar saber a razão da judicialização. O processo pode ser por acusação de corrupção, que ainda precisa ser provada, ou por enfrentar grupos poderosos.

Segundo, o que seria promover gastos? O site também não diz. É possível intuir que seja encartar ideias que elevem o orçamento público ou mesmo o uso mais intenso de verba parlamentar a que todos têm direito. No primeiro caso o político pode ser pontuado negativamente por defender uma política pública com anteparo no sentimento do eleitor. No segundo, alguém está sendo punido, de repente, por viajar mais para se aproximar dos seus representados. Nas duas situações o argumento ideológico em favor do Estado mínimo e antipolítico fica escancarado.

Enfim, a metodologia é bastante frágil, pois tem viés pró-governo ao valorizar agenda Temer, (pré) noções ideológicas e quantifica negativamente ações que, quando analisadas mais de perto, podem não ter a linha ruim que é pressuposta de partida.

Via Daniel  Menezes.

Publicado por: Chico Gregorio

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