Este modesto escriba escreveu disversas vezes, logo após o pleito eleitoral de 2016, que José Agripino não conseguiria se reeleger em 2018 caso tentasse. Foram muitas postagens aqui neste blog e textos produzidos para o finado Novo Jornal. A situação era límpida. Além dos problemas com a justiça, Agripino teria de enfrentar o claro desgaste da classe política que ele contraia de modo impressionante. Apesar de procurar uma reversão, ele percebeu que a travessia não seria nada fácil e desistiu sabiamente da disputa. Não se deixou contaminar pelo veneno que derruba carreiras na fina arte de maquiavel – a vaidade.
O prognóstico acertado negligenciou outros aspectos de relevo. O problema não será vivenciado única e exclusivamente pelo presidente do DEM. Os mais associados, do ponto de vista da imagem, à classe política tida como “tradicional” no Rio Grande do Norte correm perigo. Outros grupos políticos, vale ressaltar, não estão há menos tempo no poder, nem muito menos são moralmente superiores – não está em questão aqui quem é melhor ou pior – do que aqueles que passaram a ser enquadrados como “Alves e Maia”. Mas serão eles que, por mais simbolizarem nossa longeva classe política no poder, os que se encontrarão na berlinda. Se antes o discurso contra as chamdas “oligarquias” era sinônimo de atitude radical por quem o proferisse, hoje virou atitude de protesto bastante aceita contra “tudo que está aí”.
A situação do senador Garibaldi Alves é igualmente inédita e sintomática do cenário delineado. Como escrevi há duas semanas atrás no imprenso do Agora RN, ele já obteve um milhão de votos em 2010. Hoje, conforme todas as pesquisas veiculadas, não chega a 1/5 dos votos e passou a ser, com a saída de Agripino, o mais rejeitado. Agripino era seu escudo no quesito. Com a saída de JáJá ficou agora colado em Garibaldi a imagem do representante da classe política na majoritária. Com um agravante: enquanto os demais candidatos ainda não são conhecidos, menos rejeitados e revelam teto mais alto para crescimento, Garibaldi sustenta sua votação na base do nível de lembrança e maior inserção nas cidades pequenas (recall). Seu eleitorado simplesmente envelheceu. As duas vagas para o senado têm em Zenaide uma forte postulante alicerçada pela base do voto lulista anti-reformas e Capitão Styvenson como novidade, isto se o próprio não acabar consigo mesmo, como um peixe que morre pela boca, até o dia da votação. Talvez até mesmo às convenções partidárias. E é aí que Antônio Jácome e Geraldo Melo não devem ser negligenciados.
0 Comentários