O empresário Flávio Rocha recebeu mesada do pai pelo menos até 1994, quando tinha 36 anos de idade e se lançou candidato à presidência da República pelo Partido Liberal. A principal bandeira da campanha do proprietário da Riachuelo era o imposto único, que substituiria as demais tarifas cobradas pela União. A dependência financeira em relação a Nevaldo Rocha foi confirmada pelo então jovem empresário ao repórter Fernando Godinho, do jornal Folha de São Paulo, em matéria publicada em 11 de junho daquele ano.
– Financeiramente, sou dependente do meu pai. São transferências regulares para minha conta
Em 1994, Flávio Rocha exercia seu segundo mandato como deputado federal e conseguira convencer o PL de que seu nome teria viabilidade para concorrer à presidência. Viabilidade econômica tinha. A campanha dele foi financiada pelas empresas da família. Segundo o jornal Folha de São Paulo, “os prédios dos comitês centrais do candidato em Brasília e Natal pertenciam ao grupo Guararapes, assim como toda a infraestrutura de móveis, telefones, telex e fax”.
O avião Learjet usado na campanha também pertencia às lojas Riachuelo. Em dois meses, Flávio Rocha confirmou ao jornal que já tinha gasto 200 mil dólares.
– Só vamos regulamentar a utilização destes recursos depois que o PL obtiver os bônus eleitorais.
E foram exatamente os bônus eleitorais que jogaram por terra a candidatura de Flávio Rocha. Bônus eleitoral era uma espécie de recibo entregue ao doador de campanha em troca da doação em dinheiro. O problema é que alguns partidos vendiam os bônus com deságio com o intuito de camuflar as doações de caixa 2 ou lavar dinheiro.
A diferença, geralmente, era coberta com notas frias pelo candidato ou pelo partido, emitidas por empresas que nunca prestaram serviços e que, então, passavam a poder internalizar recursos não contabilizados, em operação de lavagem de dinheiro.
0 Comentários