06/06/2017
11:34

Ex-presidente da Câmara dos Deputados foi alvo de nova fase da Operação Lava Jato, que cumpriu diversos mandados na manhã desta terça-feira 06 em Natal, capital do Estado

henrique alves

Henrique Alves, político do RN

O ex-deputado e ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, foi preso na manhã desta terça-feira 06 em Natal pela Polícia Federal. O peemedebista foi alvo de mais uma fase da Operação Lava Jato ao lado do ex-deputado Eduardo Cunha, que já está preso em Curitiba desde o ano passado por participações no esquema de corrupção. O secretário municipal de Obras Públicas de Natal, Fred Queiroz, também foi preso nesta manhã.

O nome da operação que prendeu o candidato ao Governo do Estado em 2014 foi batizada de ‘Manus’. Ela foi deflagrada para apurar atos de corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro envolvendo a construção da Arena das Dunas, em Natal. O sobrepreço identificado chega a R$ 77 milhões.

Viatura da PF em frente ao condomínio onde Henrique mora, em Natal. (Foto: Reprodução)

A investigação realizada se iniciou após a análise das provas coletadas em várias das etapas da Operação Lava Jato que apontavam solicitação e o efetivo recebimento de vantagens indevidas por dois ex-parlamentares cujas atuações políticas favoreceriam duas grandes construtoras envolvidas na construção do estádio.

A partir das delações premiadas em inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal, e por meio de afastamento de sigilos fiscal, bancário e telefônico dos envolvidos, foram identificados diversos valores recebidos como doação eleitoral oficial, entre os anos de 2012 e 2014, que na verdade consistiram em pagamento de propina. Identificou-se também que os valores supostamente doados para a campanha eleitoral em 2014 de um dos investigados foram desviados em benefício pessoal.

Os investigados responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro. Ao todo, a Operação Manus, que é referência ao provérbio latino “Manus Manum Fricat, Et Manus Manus Lavat”, cujo significado é: uma mão esfrega a outra; uma mão lava a outra, mobilizou cerca de 80 policiais federais que cumpriram 33 mandados, sendo cinco de prisão preventiva, seis de condução coercitiva e 22 de busca e apreensão no RN e no Paraná.

Em 2015, o apartamento do ex-deputado peemedebista já havia sido alvo de um mandado de busca e apreensão na Operação Catalinárias. Naquela oportunidade, os investigadores iniciavam a apuração das práticas dos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro em benefício de duas empreiteiras responsáveis pela construção da Arena.

Pelo fato de que o mandado contra Henrique é de prisão preventiva, não há prazo para que ele seja liberado da prisão. Sua detenção acontece para que a PF fique assegurada de que ele não irá tentar utilizar de artimanhas para obstruir as investigações que seguem sendo realizadas pelos órgãos competentes.

Um dos alvos dos mandados de busca e apreensão foi a agência de publicidade Art & C, que teve o publicitário Arturo Arruda, proprietário da agência, levado em condução coercitiva para prestar esclarecimentos à Justiça. No momento da operação, o comunicador estava na cidade de Mossoró, segunda maior do Estado, e foi localizado pelos oficiais da PF. A sede do PDMB em Natal também recebeu os agentes da Polícia Federal.

Fraudes na Caixa

Além do mandado de prisão cumprido na Operação Manus, o ex-deputado potiguar foi alvo de outro mandado horas depois, decorrente de uma investigação que apura irregularidades nas vices-presidências de Fundos e Loterias e de Pessoas Jurídicas da Caixa Econômica Federal. O colega de Henrique, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também foi alvo de mandado de prisão preventiva neste caso. A operação sobre fraudes na Caixa é mais uma etapa da Sepsis e Cui Bono. Além de Cunha e Alves, há mandado de prisão para outras três pessoas.

De acordo com o Ministério Público Federal, um dos órgãos que deflagraram a operação que apura estas fraudes no banco estatal, os investigados praticaram, de forma continuada, os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro e, mesmo com as investigações em curso, continuaram agindo para ocultar mais de R$ 20 milhões que teriam sido recebidos por Eduardo Cunha. O deputado carioca está preso desde o ano passado através de outros desdobramentos da Lava Jato.

Conta na Suíça

Segundo informações divulgadas pela PF, Henrique emprestou a conta em seu nome criada na Suíça para o ex-deputado Eduardo Cunha. O mistério da conta do parlamentar no país europeu persistia desde março, quando as investigações descobriram que o potiguar havia recebido mais de R$ 2 milhões relativos a propina. Na época, Henrique disse não saber como os valores tinham ido parar na conta em seu nome.

Agora, os investigadores da Polícia Federal descobriram que o destinatário da verba, em verdade, era o deputado cassado do PMDB-RJ. A propina, ainda segundo a PF, era proveniente de desvios realizados em obras públicas da capital carioca. Desde sempre, Henrique e Cunha sempre se mostraram muito amigos e formavam uma parceria forte na Câmara dos Deputados ao lado dos demais componentes da bancada peemedebista.

Publicado por: Chico Gregorio

0 Comentários

Deixe o seu comentário!