Presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios (Sincovaga) admite que setor está “muito preocupado” com a crise econômica, que tem levado contratantes a buscar novas ideias para manterem seu quadro funcional e não irem à falência

A esperança para a retomada de crescimento nas vendas do varejo no gênero alimentício jaz nas reformas trabalhista e previdenciária que estão sendo apreciadas em Brasília. Esta é a avaliação que faz o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios (Sincovaga), Geraldo Paiva Júnior. Todavia, em virtude dos últimos acontecimentos que colocam em xeque o governo do presidente Michel Temer, envolvido em delações de corrupção de empresários da JBS, as reformas encontram cada vez mais resistência popular no Congresso, o que pode ameaçar empresários e comerciantes que esperavam contar com as mudanças para instaurar novas situações de contrato e encontrar mais um modo efetivo de driblar a crise.
“Estamos muito preocupados porque a crise econômica depende muito da política, e estamos vivendo uma crise política muito grande nesses últimos meses, e que foi agravada recentemente. Estávamos com esperanças boas porque vimos os números de geração de emprego melhorando nos últimos tempos; o crescimento da economia estava voltando. A expectativa era muito boa, mas, nos últimos dez dias, por causa da situação do presidente Temer, pararam as reformas que esperávamos que fossem aprovadas para que as mudanças começassem a andar. Agora ninguém sabe como vai ficar – hoje nossa expectativa é negativa”, lamentou.
A crise econômica pela qual o Brasil passa desde 2015 teve efeitos imediatos para alguns setores, causando demissão em massa e pânico entre os trabalhadores e empregadores. Para outros segmentos, todavia, os danos só foram surgir recentemente. Caso do próprio comércio varejista no gênero alimentício, que só foi sentir a crise no final de 2016 e no início deste ano. Geraldo Paiva Júnior explicou que houve uma queda notada de 4% nas vendas em supermercados; o número – teoricamente pequeno – significa, na verdade, grande prejuízo.
“Essa crise vem se arrastando há cerca de dois anos, mas, até então, no gênero alimentício nós não tínhamos sentido tanto os efeitos quanto no final de 2016. A mudança e essa crise começaram a aparecer pouco antes do impeachment de Dilma. A partir de janeiro e fevereiro de 2017 é que percebemos de vez que houve uma queda – uma mudança de hábito muito grande do consumidor na hora da compra. A crise começa agora a se instalar nesse segmento. Antes ela chegava apenas nos setores de calçados, automóveis, materiais de construção; o varejo alimentício estava bem. Foi só a partir desse ano que sentimos realmente. As vendas caíram em torno de 4% nos supermercados nesse primeiro trimestre”, disse Paiva Júnior.
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