Ricardo Noblat
Embora estrebuche na maca e negue que renunciará ao mandato, Michel Temer ainda não teve a má ideia de dizer que só sairá do Palácio do Planalto amarrado à cadeira presidencial.
Era assim que Delfim Netto, ministro da Fazenda da ditadura militar de 64, prometia fazer se um dia o derrubassem. Depois de sete anos como o todo-poderoso xerife da economia, Delfim acabou demitido, mas a cadeira ficou.
A cadeira presidencial continuará sendo ocupada por Temer até que se entendam em torno de um nome para substitui-lo os protagonistas de sempre da cena política nacional – partidos, ministros de tribunais superiores, empresários e banqueiros.
Fracassou quem havia se oferecido para unificar o país. A pinguela caiu. Mas quem irá restaurá-la para que o país consiga chegar em paz às eleições diretas de 2018?
No próximo dia 6, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começará a julgar a ação do PSDB que pede a impugnação da chapa Dilma-Temer por abuso de poder econômico nas eleições de 2014.
O placar, ali, estava 5 a 2 para inocentar Temer e condenar Dilma antes que o empresário Joesley Batista delatasse Temer. Hoje seria de 4 a 3. O futuro a Deus pertence, e também ao ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE.
Há um acordão sendo costurado no Congresso capaz de beneficiar Temer, mas concebido para estancar a Lava Jato. Um dos seus pontos é rever a posição do Supremo Tribunal Federal que, por 6 a 5, decidiu que condenado em segunda instância da Justiça será preso.
Delação só para quem estivesse solto. E perdão para suspeito de ter feito caixa dois, três ou quatro. Por esse ralo escaparia muita gente.
Escaparia Lula, que mesmo se condenado em segundo instância estaria livre e à vontade para disputar as eleições de 2018.

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