O Estado de S.Paulo
Primo do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), Frederico de Medeiros mostrou estar incomodado com a função de arrecadador de dinheiro vivo para seu parente. Em conversas gravadas, Medeiros deixa clara a sua apreensão com a atividade e o receio de ser pego com o dinheiro, contrariando, com isso, a versão de Aécio de que os repasses seriam um mero empréstimo para pagar advogado.
Pelo menos duas vezes, Medeiros foi pessoalmente à sede da JBS para buscar parte da propina acertada para o primo. “Outro dia estava pensando. Acordei à meia noite e meia, o que estou fazendo? O que tenho com isso? Eu não trabalho para o Aécio, eu não sou funcionário público, sou empresário. Trabalho para sobreviver”, disse o primo para Ricardo Saud, diretor de relações institucionais da J&F. O diálogo deixa claro que Medeiros sabia estar fazendo algo ilegal. “Eu tenho com o Aécio um compromisso de lealdade que o que precisar eu tenho de fazer. Eu falei, olha onde eu tô me metendo”, disse ele para o diretor da J&F.
Saud havia sido designado pela JBS para entregar a Medeiros a propina. A operação era feita em uma sala da sede da empresa. Quando Medeiros chegava, segundo o delator, as cédulas já estavam separadas. Bastava fazer a transposição das notas. Na primeira vez, foi usada uma mala. Na segunda, uma mochila. As operações foram documentadas pela Polícia Federal e anexadas pela Procuradoria Geral da República. Nas duas vezes, Medeiros estava acompanhado de Mendherson Souza Lima, funcionário do gabinte de Zezé Perrella.
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