03/01/2017
10:17

O voto de vereador é, talvez, o mais concorrido entre os pleitos em Natal. Há um oponente em cada esquina e não é fácil, além disso, romper com a costumeira alta taxa de alienação eleitoral (abstenção, brancos e nulos). Diante de tal contexto, obter mais de seis mil votos representa um sinal de força. Ainda mais na condição de marinheira de primeira viagem, como foi o caso da recém empossada Natália Bonavides (PT).

O PT do RN segue em um processo de envelhecimento do ponto de vista da idade mesmo dos seus quadros. Há uma base petista em potencial, que comumente é subaproveitada pela lógica de agremiação pequena do PT do RN, o que não ocorre em outros estados. O PT do RN foi o único a não experimentar o boom vivenciado pelo partido com Lula e Dilma no poder. O partido se fecha em torno de si próprio, para que os seus representantes internos não sejam ameaçados em seus domínios e possam negóciar, com tranquilidade, o espólio petista (foi assim que seus quadros, com pouca capacidade eleitoral, obtiveram lotes nos governos Wilma e Robinson Faria que nem senadores de outros partidos conseguiram). A senadora Fátima Bezerra foi a única a romper em terras potiguares com esta lógica.

O que desequilibra a disputa política no Rio Grande do Norte não são as chamadas, com um quê de moralismo juvenil, “oligarquias”, mas o fato da esquerda não desempenhar um papel de protagonismo e não tornar o “mercado” da política de poti mais sortido. A competição democrática se restringe ao espaço de um centro direita gelatinoso.

Digo tudo isto apenas para enfatizar que há espaços para a nova vereadora do PT. Com um adicional: a saída de Amanda Gurgel (PSTU), pelos erros estratégicos de seu partido, levará Natália ao patamar de vitrine da esquerda (e de vidraça). Me parece que ela começa com o pé adequado para o local em que se encontra, já que não agiu com a demagogia barata da antipolítica que tirou Amanda/PSTU da tratada casa. Votou em Raniere Barbosa (PDT), o articulador da autonomia do legislativo frente ao executivo.

Há duas vagas em potencial em 2018, que a esquerda, se for inteligente e mais arrojada, terá condição de disputar – a de deputado estadual e federal. Fala-se em Fernando Mineiro para federal em 2018. Porém, acomodado na Assembleia por três mandatos, não é da forma de agir de Mineiro trocar o 100% certo por 1% duvidoso. Sei não, viu: acho que há uma avenida aberta aí.

Agora, o papo antitemer, que ajudou a referida parlamentar durante o pleito, terá de ceder paulatino espaço para o difícil debate sobre os problemas efetivos da cidade. Esta migração temática da perfumaria militante não será nada fácil, mas fundamental para alargar seu eleitorado. Vamos aguardar e conferir.

Por  Daniel Menezes

Publicado por: Chico Gregorio

0 Comentários

Deixe o seu comentário!