07/02/2020
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Resultado de imagem para fotos do Por Wellington Duarte - Professor da UFRN

Numa sociedade marcada por uma economia frágil; por imensos contingentes de pobres; por subemprego devastador; por um estado falido e ainda condenado a viver numa federação destroçada por um clã miliciano anti-nordestino, é de se perguntar porque ainda temos que ler e ouvir discursos que enaltecem esse estado de coisas.

Dos lances patéticos, como um militar, na reserva, ir fardado para uma sessão da Assembleia Legislativo, algo absolutamente tosco, para exercer sua pequenez parlamentar; ao fato de que escribas rocinantes não poupam impropérios contra a governadora Fátima Bezerra, numa espécie de ritual diário, envenenando, de forma solerte, sua relação com os cidadãos, o RN mostra aos seus cidadãos sua face mais contraditória, pois vivemos numa terra sequiosa por mudança e aprisionada pela elite que a trata como uma fazenda do século XVIII.

Fátima Bezerra, para que se entenda, é uma anomalia, pois furou a bolha da elite local e foi eleita basicamente pelos mais pobres, já que grande parte do empresariado acoloiou-se com as propostas do miliciano fascista e basta dar uma olhada no mapa eleitoral para entender o ódio visceral que a elite tem por Fátima.

Desde 1945 o RN teve, em TODOS, os governos, à exceção de Fátima, representantes das elites, incluindo Wilma de Faria que, embora acabasse se inclinando, por um bom tempo, para a centro-esquerda, foi oriunda das elites e o seu último governo foi um retorno ao berço. A Assembleia Legislativa é dominada, há décadas, pelos pequenos chefetes locais ou seus prepostos e ultimamente por reacionários que, embora fora desse eixo, recebem a benção delas. Hoje, em 24 deputados, TRÊS, talvez QUATRO, são do campo progressista, contra VINTE alinhados com os interesses das elites.

Fátima, essa anomalia política, cercada por essas serpentes e por um poder Judiciário glutão, tem de basicamente segurar um prédio em ruínas, sem ter as ferramentas adequadas e, por isso, ao tentar obter as condições para recuperar o prédio irrita a elite e sua trupe de puxas-saco.

Cabe perguntar porque em SETENTA E TRÊS ANOS (desde 1946) essa elite não conseguir erguer uma estrutura econômica que pudesse produzir e distribuir riqueza; que não teve a CAPACIDADE de erguer um estado transparente e desenvolvimentista; que NUNCA teve a COMPETÊNCIA POLÍTICA de implantar políticas de desenvolvimento articulado entre as regiões; que NUNCA teve qualquer atenção SÉRIA com a erradicação da pobreza.

O RN de hoje é fruto do seu passado e esse passado, dos caminhos de gado, do couro, do algodão e do petróleo, moldou sua estrutura social e colocou a sociedade numa encruzilhada, pois o impasse gerado e mantido pela elite, se impõe sobre um governo que, a grosso modo, terá de enfrentar essa escumalha se quiser dar início ao processo de construção de um RN desenvolvido socialmente.”

Por Welligton Duarte – Professor da UFRN

Publicado por: Chico Gregorio

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