10/11/2019
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Em seu discurso, Lula mostrou que será opositor de Bolsonaro não apenas no campo político, mas também no terreno econômico. . (Foto: Reprodução)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ao retornar neste sábado (9) ao reduto de origem do PT, a região do ABC Paulista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 74, fez um duro discurso contra a Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro, atacou a política econômica do governo federal e se referiu ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) como miliciano.

“Eu estou de volta”, disse, sob aplausos de militantes. “Estou com mais coragem de lutar do que quando eu saí daqui.” Na reta final da fala de 45 minutos, pediu resistência, luta e união da esquerda e já preparou o clima para as eleições de 2022: “A esquerda vai derrotar a ultradireita que nós tanto queremos derrotar”.

Em seu discurso, Lula mostrou que será opositor de Bolsonaro não apenas no campo político, mas também no terreno econômico. Criticou a agenda de reformas e lembrou que o liberalismo no Chile, citando ser um modelo elogiado pelo ministro Paulo Guedes (Economia), elevou a pobreza no país vizinho. Também chamou Guedes de “demolidor de sonhos”.

Lula foi solto um dia antes, beneficiado por um novo entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal) segundo o qual a prisão de condenados somente deve ocorrer após o fim de todos os recursos. O petista, porém, segue enquadrado na Lei da Ficha Limpa, impedido de disputar eleições.

O encontro com líderes petistas, de outros partidos de esquerda, de sindicatos e de movimentos sociais ocorreu na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. Foi lá, em abril de 2018, que o presidente fez seu último discurso antes de se entregar a policiais federais e ser levado à prisão em Curitiba, onde passou 580 dias.

Neste sábado, Lula discursou em cima de um caminhão de som. O petista estava acompanhado, entre outros, do ex-prefeito e ex-presidenciável Fernando Haddad, da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, de Guilherme Boulos (MTST) e de João Paulo Rodrigues (MST).

Ao subir ao caminhão de som, foi recebido aos gritos de “Lula, livre” e acenou aos presentes. Diante da superlotação no entorno no sindicato, alguns militantes passaram mal e precisaram de atendimento médico.

“O Moro não era um juiz, e sim um canalha que estava me julgando”, disse o presidente, ao se referir ao hoje ministro da Justiça que o condenou no processo do tríplex de Guarujá, que o levou à prisão. Em seguida, disse que o procurador Deltan Dallagnol montou quadrilha no comando da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba. “Uma mentira atrás da outra.”

Emocionado, disse ter “medo de mentir para o povo trabalhador” e repetiu que seus “algozes” da Lava Jato estão mentindo nos processos contra ele. O petista se referiu à sala de 15 m² da Polícia Federal na qual ficou preso por 580 dias como uma “solitária”.

“Me preparei para não ter ódio e não ter sede de vingança. “Eu queria provar que, mesmo preso por ele, eu dormi com a consciência tranquila.” “Duvido que o Moro durma com a consciência tranquila [com] que eu durmo, e duvido que o Bolsonaro durma com a consciência tranquila [com] que eu durmo.”

Em seguida, atacou Bolsonaro. “O Bolsonaro chegou a confessar que ele devia as eleições ao Moro. Na verdade, ele deve ao Moro, ele deve aos juízes que os julgaram e à campanha de fake news que fizeram contra o companheiro Fernando Haddad e a esquerda deste país.”

Disse aceitar o resultado da eleição, mas que Bolsonaro foi eleito democraticamente para governar o país, e não para as milícias do Rio de Janeiro. “É preciso de uma perícia séria”, numa referência ao sistema da portaria do condomínio do Rio de Janeiro em investigação no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco, em março de 2018. “Onde está o Queiroz:”, perguntou Lula, antes de dizer que o atual presidente sempre ofendeu negros, mulheres e gays.

O petista repetiu seus ataques à TV Globo. “Vocês não têm dimensão do que significa o dia de hoje para mim. Lá em cima [olhando para cima] está o helicóptero da Rede Globo de televisão para falar merda outra vez sobre Lula e sobre nós.”

“A TV do Silvio Santos [SBT] está uma vergonha, a Record está uma vergonha, a Globo está uma vergonha.”

Publicado por: Chico Gregorio

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