31/10/2019
07:41

Em depoimento na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) das Fake News nesta quarta-feira (30), o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) disse ter recebido uma ligação do presidente Jair Bolsonaro (PSL) momentos após discursar no plenário da Câmara defendendo a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro.

A conversa teria ocorrido no dia 14 de fevereiro deste ano. Na manhã daquele dia, Frota subiu ao plenário e disse: “Eu também quero o Queiroz preso, e aí?”.

A declaração se deu em meio a críticas a partidos de oposição como PT e PSOL. O deputado concluiu o discurso com a frase: “E vou falar que laranja podre, no PSL, será esmagada”.

Nesta quarta, Frota disse que, logo depois do discurso, recebeu uma ligação do presidente.

O deputado afirmou que decidiu falar sobre Queiroz no plenário após o que qualificou como provocação do líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS).

“Ele aponta para o meio do grupo do PSL e fala: ‘Quero saber se vocês, depois de todas as notícias sobre o tal do Queiroz, se alguém vai subir e vai pedir a prisão do Queiroz’”, contou o congressista.

“Subi e pedi a prisão do Queiroz. Meu telefone tocou, era Jair Bolsonaro reclamando que eu teria no plenário pedido a prisão do Queiroz”, prosseguiu Frota, que autorizou a quebra de seu sigilo telefônico para comprovar a existência do diálogo.

O deputado disse que, na sequência, o filho mais velho do presidente, senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), o abraçou e disse: “Papai ficou chateado com você por você ter se expressado dessa maneira aqui no plenário”.

Em outro episódio, afirmou o deputado, Bolsonaro teria puxado Frota pelo braço em um evento e pedido para ele “calar essa matraca”. A cena foi registrada em vídeo, segundo o congressista.

Queiroz é pivô da investigação que foi conduzida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, sobre lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa no gabinete de Flávio no período em que ele foi deputado estadual.

Frota também comentou reportagem do Jornal Nacional divulgada na terça (29) com base no depoimento de um porteiro do condomínio onde o presidente tem casa no Rio.

Segundo reportagem, o ex-policial militar Élcio de Queiroz, suspeito de envolvimento no assassinato de Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes em março de 2018, disse na portaria que iria à casa de Bolsonaro, na época deputado federal, no dia do crime.

Os registros de presença da Câmara dos Deputados, no entanto, mostram que Bolsonaro estava em Brasília nesse dia.

Nesta quarta, o MP do Rio de Janeiro disse que há contradição no depoimento e a entrada teria sido autorizada por Ronnie Lessa, suspeito de executar a vereadora e o motorista.

“Fiquei estarrecido como todos. O Rio de Janeiro é minha cidade, cidade maravilhosa, as pessoas dizem ‘nossa, como o Rio é pequeno’. Eu jamais iria imaginar que o suspeito de matar Marielle morasse dentro do condomínio do Bolsonaro. Não poderia imaginar que o filho namorou a filha do Ronnie Lessa, sargento aposentado da Polícia Militar acusado pela morte da política”, disse.

FOLHAPRESS

Publicado por: Chico Gregorio

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