Em artigo publicado ontem no jornal “O Globo”, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu que o PSDB deixe o governo Temer em dezembro, sob pena de insucesso eleitoral em 2018. O primeiro efeito do artigo é reforçar a possibilidade de eleição do senador Tasso Jereissati, do Ceará, para o comando do PSDB no início do mês que vem, quando haverá eleição interna. Tasso está nessa função interinamente, porque o presidente de fato é o senador Aécio Neves. O artigo também reforça a possibilidade de rompimento, porque FHC é o tucano mais importante. A palavra dele tem peso. Não é o primeiro, mas é mais um golpe duro de FHC contra o presidente Michel Temer. No entanto, a essa altura do campeonato, se houver o afastamento, parece improvável que resulte em ganho eleitoral para os tucanos. O PSDB foi avalista do impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Sem o apoio dos tucanos, inclusive do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o impeachment não teria sido aprovado. O PSDB também se tornou avalista do governo Temer. Tem quatro ministros _três deles em postos importantes: articulação política, relações exteriores e cidades. A política econômica tem apoio do PSDB. Historicamente, o PSDB está ligado ao governo Temer. Adversários políticos vão apontar, com razão, o oportunismo e a hipocrisia dos tucanos ao fazer um desembarque por motivo eleitoral depois de ter se aproveitado das benesses do governo. Também ficou mais complicado dar coerência a um discurso de ruptura depois que o PSDB não fez nada com Aécio Neves, mas o protegeu no plenário do Senado, no Conselho de Ética da Casa e não o afastou em definitivo da presidência do partido, apesar das graves acusações de corrupção contra o senador mineiro. A ruptura agora pode resultar numa emenda pior do que o soneto. Vai ser difícil convencer o eleitor de que o PSDB e o governo Temer não têm nada a ver um com o outro. É tarde demais para sustentar essa tese. VIA KENNEDY ALENCAR
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