20/10/2017
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A Irmandade dos Negros do Rosário une tradições católicas e ritos herdados dos escravos. As irmandades do Seridó surgiram no século XVIII com o objetivo de dar suporte à religião católica nascente e fortalecida neste território. A primeira foi a de Sant’Ana, em seguida, a Irmandade das Almas, do Santíssimo Sacramento, a do Rosário dos Homens Pretos e entre outras. Engana-se quem pensa que somente poderia entrar nestes grupos e professar a fé católica os “brancos”, pois existiam núcleos para os diversos segmentos da sociedade, havendo a distinção entre a cor e o dinheiro, mas todos tinham um espaço cativo dentro deste universo de irmandades.

Em Caicó, a instalação da irmandade do Rosário se deu aos 27 de dezembro de 1773 na Matriz de Sant’Ana, hoje catedral, assinando a dignidade dos homens ditos de cor. “Ser negro em uma região como a nossa era coisa triste. O preconceito gritava alto, pois éramos tidos como defeituosos de sangue e sem dignidade”, nos relatou Randson Carneiro, em entrevista concedida à Collecione, em dezembro de 2011, quando ocupava o posto de 238º rei da referida irmandade.

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Após o seu surgimento, a Irmandade do Rosário conseguiu imprimir respeito pelos negros. Atualmente vemos rei e rainha desfilando nas ruas em comemoração ao mês ou data em que se celebra a Festa de Nossa Senhora do Rosário. “Muitos não compreendem o real significado, mas consiste, acima de tudo, em uma vitória sobre todas as mazelas que no passado meus antepassados e irmãos de raça sofreram. Vestir-se de rei é, sobretudo, um grito de dignidade”, acrescenta.

Publicado por: Chico Gregorio

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