Em discurso permeado pela polaridade “nós”, os pobres que trocaram “coxão duro por filé”, contra “eles”, a elite que não suportaria tamanha ascensão social, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 71, deu o tom que deve adotar pelos próximos meses.
Recém-condenado na Lava Jato, o petista vem adotando uma oratória que se contrapõe ao “Lulinha paz e amor” predominante em sua primeira campanha presidencial vitoriosa, em 2002.
“Fico pensando: se nós fizemos tanto bem, por que essa gente não nos quer? Por que essa gente nos odeia? Não é por causa do vermelho, porque o sangue deles é vermelho. E a vergonha deles também”, disse o ex-presidente neste sábado (15), no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que sediou a posse da nova diretoria do PT Diadema.
“Quero saber onde estão os coxinhas agora depois do Temer governando este país. Cadê as panelas, hein? Cadê os heróis deles? Os heróis deles eram, como se diz, santos de barro. Nós somos feitos de carne e osso, de paixão por este país. Essa é a diferença entre nós e eles. Pra nós, é motivo de orgulho se a empregada doméstica tem um celular.”
Lula repetiu sua intenção de voltar ao Palácio do Planalto. Uma eventual candidatura em 2018, contudo, depende de como as ações judiciais contra ele se desenrolarão até lá.
Pelo caso do tríplex, ele foi condenado na semana passada a nove anos e meio de prisão, pena que só começará a cumprir se a segunda instância corroborar a sentença do juiz Sergio Moro.
Se isso acontecer, ele fica a princípio impedido de concorrer em 2018, barrado na Lei da Ficha Limpa. Mas em tese, mesmo condenado também pela segunda instância, o ex-presidente poderia disputar a Presidência se pedir uma liminar até o julgamento de recursos no STJ (Superior Tribunal de Justiça) ou STF (Supremo Tribunal Federal).
A defesa entrou com recurso contra a decisão de Moro nesta sexta (14).
Folha
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