10/06/2017
08:24

Entre 2013 e 2016, Município empenhou R$ 9.099.706,07 à empresa controlada por Fred Queiroz, preso na operação Manus na última terça-feira 6

Fred Queiroz e Carlos Eduardo

Empresa investigada na operação Manus por suspeita de lavagem de dinheiro que teria sido obtido ilicitamente pela campanha de Henrique Eduardo Alves (PMDB) ao Governo do Estado em 2014, a Prátika Locações prestou serviços à Prefeitura de Natal durante, pelo menos, os anos de 2013 e 2016.

Segundo informações do Portal da Transparência, a empresa, cujo sócio-proprietário é Fred Queiroz, exonerado do cargo de secretário municipal de Obras Públicas nesta quinta-feira 8, liquidou durante o período mais de R$ 9 milhões em contratos firmados com o município administrado por Carlos Eduardo Alves (PDT).

Na consulta pública ao sistema, é possível identificar que, nos quatros anos, os seguintes valores, que totalizam R$ 9.099.706,07, foram liquidados pela prefeitura em prol da Prátika Locações:

Além disso, foram empenhados pela prefeitura à empresa ao todo, R$ 10.512.947,79 – sendo R$ 3.126.722,52 em 2013; R$ 5.541.720,96 em 2014; R$ 1.766.799,20, em 2015; e R$ R$ 77.705,11 em 2016. Já nos montantes pagos pela prefeitura foram R$ 2.668.860,64 em 2013; R$ 2.648.658,16 em 2014; R$ 1.399.295,28 em 2015; e R$ 77.705,11 em 2016 – totalizando R$ 6.794.519,19.

Investigações do Ministério Público Federal apontam que parte da verba recolhida pela Prátika Locações para, em tese, prestar serviços para a campanha do peemedebista em 2014, foi desviada para comprar votos e apoios políticos. O proprietário da empresa, Fred Queiroz, atual secretário municipal de Obras Públicas afastado, foi preso preventivamente na última terça-feira 6 juntamente com o ex-ministro Henrique.

RECURSOS NÃO DECLARADOS

Entre 2012 e 2015, a Prátika Locações, movimentou cerca de R$ 42 milhões em três instituições financeiras. Deste montante, de acordo com processo assinado pelos procuradores da República Fernando Rocha de Andrade e Rodrigo Telles de Souza, R$ 30 milhões deixaram de ser declarados à Receita Federal. Além de Fred, é associada à Prátika sua esposa, Érika Montenegro Nesi, presa durante a Operação Manus que resultou também na prisão do ex-ministro do Turismo, Henrique Alves (PMDB). Além disso, também foram realizadas transações imobiliárias de cerca de R$ 1,3 milhão.

Para os procuradores, no período de 2012 a 2015, Érika Nesi e Fred Queiroz apresentaram movimentação financeira “muito superior” à renda declarada por ambos – o que indicaria o recebimento de valores não declarados. O Relatório de Inteligência Financeira nº 24259 do Conselho de Controle de Atividades Financeiras aponta diversos saques de “elevadas quantias de dinheiro” pela Prátika, por meio de Fred Queiroz, na época da campanha de Henrique Alves em 2014.

A união entre o ex-ministro e a família Queiroz é indicada no documento dos procuradores que, inclusive, anexam fotos de publicações de redes sociais de Érika Nesi e Fred Queiroz. A amizade entre Alves e Queiroz rendeu a este último uma nomeação ao cargo de secretário de Turismo de Natal, em 2015. Ele havia sido indicado por Henrique ao seu primo, o prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT) até ser, no começo deste ano, transferido para a Semov. “Fica evidente a relação íntima entre Carlos Frederico Queiroz, sua esposa e filho com Henrique Eduardo Alves”, dizem Telles e Rocha.

Para os procuradores, não restam dúvidas de que “há indício suficiente de lavagem de capitais a que o grupo formado por Fred Queiroz, sua esposa e filho praticaram por ocasião da campanha eleitoral de Henrique Eduardo Lyra Alves”. Já Matheus Nesi Queiroz, filho do casal, teria emprestado seu nome para que seu pai constituísse a empresa M. N. Queiroz Serviços de Eventos ME, que apresentava relação direta com a Prátika. Ao mencionarem Matheus Queiroz, os procuradores o chamam de “jovem prodígio”.

Com apenas 18 anos, na época dos fatos, Matheus movimentou durante a campanha eleitoral de Henrique mais de R$ 3 milhões e, no ano seguinte, em sua empresa individual, mais de R$ 2 milhões, apesar de o único bem por ele declarado ser avaliado em R$ 100 mil. “Seus nomes e empresas se prestaram a simular gastos com serviços de campanha para justificar a utilização também ilícita e oculta das quantias em provável compra de votos ou até mesmo em proveito pessoal”, informa o relatório.

Publicado por: Chico Gregorio

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