O patrimônio do senador Eunício Oliveira, eleito presidente do Senado nesta quarta-feira, aumentou 169% entre 2010 e 2014. Passou de R$ 36,7 milhões para R$ 99 milhões. Na declaração de bens de 2010 ele tinha 72 propriedades rurais. Em 2014, chegou a 88 fazendas e previu investimentos de R$ 5 milhões apenas na compra de rebanho. A maioria das terras fica no município de Corumbá de Goiás, à beira da Serra dos Pirineus, a 130 quilômetros e Brasília, onde ele investe em criação de gado.
O senador foi citado por pelo menos dois delatores da Operação Lava-Jato. Nelson de Mello, ex-diretor do grupo Hypermarcas, afirmou que Eunício recebeu R$ 5 milhões para a campanha ao governo do Ceará, em 2014, por meio de contratos com empresas de fachada indicadas pelo lobista Milton de Oliveira Lyra Filho. O procurador Rodrigo Janot declarou ao Supremo Tribunal Federal (STF) suspeição para investigar o caso, por motivo de foro íntimo. O ex-senador Delcídio do Amaral também apontou Eunício de Oliveira como um dos integrantes do “núcleo duro” do PMDB que teria recebido propinas das obras da usina de Belo Monte. O senador nega as acusações.
Eunício é dono de empresas que fecharam contratos milionários com o poder público entre 2010 e 2014, período em que ele foi ministro e senador. Segundo a declaração de bens apresentada à Justiça Eleitoral em 2014, quando concorreu ao governo do Ceará, o senador detinha 99,99% da Remmo Participações, controladora das empresas de segurança e serviços CORPVS e Confederal.
Segundo o Portal Transparência, do governo federal, a Confederal recebeu R$ 164 milhões por contratos firmados em órgãos vinculados ao Ministério da Saúde, da Fazenda e dos Transportes entre 2010 e 2014. Apenas em 2014 o valor recebido pela empresa alcançou R$ 55 milhões, de órgãos subordinados ao Ministério da Saúde, da Fazenda e dos Transportes.
A CORPVS obteve contratos no valor de R$ 78,9 milhões para prestar serviços de vigilância e transporte de valores para as agências do Banco do Brasil no Ceará, estado natal do senador. Em 2015, o banco contratou também a Confederal para prestar serviços em Goiás, Tocantins e São Paulo, com três contratos no valor de R$ 52,6 milhões. O maior deles, de R$ 26 milhões, tem como objeto serviços de segurança pessoal privada e condução de pessoas e tem validade até abril de 2019.
AGÊNCIA O GLOBO
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