Markus Kostner e Flávia Carbonari, O Globo
Apesar de concentrar apenas 8% da população mundial, a região responde por um terço dos homicídios que ocorrem no globo, segundo dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). Com 58.492 assassinatos, somente em 2015, o Brasil concentra sozinho o maior número de mortes violentas intencionais do mundo, ultrapassando estatísticas de países em guerra.
Com uma realidade tão grave, a superação da violência no Brasil tornou-se um dos principais desafios ao desenvolvimento sustentável do país. A boa notícia é que sabemos que ela pode ser prevenida e sabemos como fazê-lo.
O segredo para o sucesso está baseado em uma combinação de práticas que compreende: a participação social no desenho, execução e monitoramento de programas e políticas; sistemas de gestão da informação sólidos; e ações coordenadas e integradas entre as diferentes esferas de governo com foco na resolução de problemas.
O Banco Mundial tem apoiado governos e municípios na compreensão e no desenho de respostas integradas ao crime e à violência e vem incluindo cada vez mais atividades de prevenção em seus projetos no Brasil. Estados como Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte adotaram componentes para tornar a segurança pública mais sensível a grupos vulneráveis, transparente, e fortalecer seus sistemas de informação.
Em Teresina, desenvolvemos um detalhado diagnóstico participativo da situação de crime e violência que fundamentará a elaboração do primeiro Plano Municipal de Prevenção da Violência da cidade, construído junto à população.
Com foco no público jovem, que compõe a grande maioria de vítimas e perpetradores de crimes violentos, programas de desenvolvimento socioemocional nas escolas, trabalhando com as famílias e que buscam diminuir a evasão escolar, também têm mostrado resultados positivos, como é o caso do Construindo Pontes, implementado pelo Instituto Sou da Paz, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo.
A extensão do tempo de permanência na escola e a oferta de cursos profissionalizantes e de geração de renda, em parceria com o setor privado, são outros exemplos de iniciativas que valem destaque. Com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Banco Mundial desenvolveu trabalho de diagnóstico para Fortaleza, Recife e Belo Horizonte sobre como implementar políticas de prevenção da violência juvenil adaptadas ao contexto local.
Medidas complementares, como a recuperação de espaços públicos, com plano de uso desenvolvido com a comunidade; a melhoria da iluminação; e o aumento da vigilância de casas e ruas também já se mostraram eficazes.
Por fim, uma resposta integrada requererá a contínua cooperação e priorização desta agenda por parte do governo federal, governos estaduais e municipais, em parceria com a academia, sociedade civil e agências de cooperação internacional. O desafio é grande, mas sabemos que existem caminhos possíveis.

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