Por JOSIAS DE SOUZA
Em petição que assinou junto com a advogada-geral da União Grace Mendonça, Michel Temer pediu ao procurador-geral da República Rodrigo Janot um tipo de mercadoria indisponível na gôndola da Lava Jato: pressa. O presidente alega que divulgações “ilegítimas” de delações ainda não homologadas pela Justiça, como a do ex-diretor da Odebrecht Claudio Melo Flores, exercem “interferência” sobre “políticas públicas” —o combate às crises econômica e política, por exemplo.
“…A União pleiteia que Vossa Excelência examine a possibilidade de imprimir celeridade na conclusão das investigações em curso”, anotou Temer. “Requer também que as colaborações premiadas porventura existentes sejam, o quanto antes, finalizadas, remetidas ao juízo competente para análise e eventual homologação e divulgação por completo. Com isso, a eventual responsabilidade criminal dos investigados será logo aferida.”
Ao solicitar uma pressa que sabe indisponível, Temer ganha tempo. Caberá ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, homologar os acordos de colaboração dos 77 executivos da Odebrecht. Os procedimentos não devem ser efetivados antes de meados de fevereiro de 2017. Só então os dados poderão ser usados como matéria-prima de inquéritos. Até lá, Temer poderá alegar que denúncias como as de Claudio Melo Flores, já divulgadas, e todas as que estão por vir não passam de alegações pendentes de aval jurídico e de comprovação factual.
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