10/11/2016
16:47

110 1024x576 O silêncio da CBF. Entidade se cala diante da acusação de favorecimento ao Palmeiras. A denúncia foi feita pelo presidente do sindicato dos árbitros do Rio de Janeiro. A suspeita fere a credibilidade do Brasileiro de 2016. Como algum patrocinador sério pode colocar dinheiro no futebol deste país?
“Se o árbitro erra contra o Palmeiras, lá dentro [do estádio do clube], fica fora da escala. Duvido que seja indicado para uma vaga da Fifa. Todo mundo sabe o motivo. Sabe que Marco Polo é sócio benemérito do Palmeiras.”

A acusação é gravíssima. No Brasileiro de 2016, repleto de erros que influenciam na classificação, as palavras de Marçal Mendes deveriam ser levadas muito a sério. Afinal, ele é o presidente do Sintrace-RJ (Sindicato dos Trabalhadores da Arbitragem Esportiva do Estado do Rio de Janeiro.

Marco Polo del Nero é conselheiro vitalício do Palmeiras. E seu clube está há 22 anos sem vencer o Campeonato Nacional.

A interpretação das palavras de Mendes não poderia ser mais direta. Pressionar os juízes cariocas seria a sua ‘contribuição para o título’. Pressionar para não errar contra o Palmeiras é um eufemismo. Contra os outros clubes não haveria problemas?

Marçal tem contato íntimo com os árbitros do Rio de Janeiro. Ouve suas queixas, reclamações, sabe da insegurança em relação à carreira.

Com critérios subjetivos, a Comissão Nacional de Arbitragem eleva um juiz até transformá-lo em árbitro Fifa, com jogos importantes, nos torneios mais significativos do planeta. Com direito às mais valiosas taxas.

A Comissão Nacional de Arbitragem também pode colocar o árbitro fora das escalas. Rebaixá-lo de divisão. Acabar com sua carreira.

27 O silêncio da CBF. Entidade se cala diante da acusação de favorecimento ao Palmeiras. A denúncia foi feita pelo presidente do sindicato dos árbitros do Rio de Janeiro. A suspeita fere a credibilidade do Brasileiro de 2016. Como algum patrocinador sério pode colocar dinheiro no futebol deste país?

A comissão tem íntima relação com a CBF. Ela na sede da entidade presidida por Marco Polo del Nero. Foi ele quem mandou trocar Sérgio Corrêa pelo tenente-coronel Marcos Marinho, que comandava a arbitragem, sem nunca ter sido juiz, em São Paulo.

Marinho assumiu esse cargo na capital paulista depois do escândalo envolvendo Edílson Pereira de Carvalho. Marco Polo, presidente da FPF, queria a aura de austeridade, a respeitabilidade de Marinho. Ele foi comandante do Batalhão de Choque, que cuida do policiamento nos estádios.

Marçal não fez a acusação em uma roda de amigos, descontraído no Posto Seis, da Barra da Tijuca. Não. Ele fez um discurso em uma audiência pública do Ministério do Trabalho, ontem no Rio de Janeiro.

A CBF e a Comissão Nacional de Arbitragem escolheram o pior caminho em relação a assustadora acusação. O silêncio. Não atenderam repórteres que quiseram ouvir o outro lado. Optaram por tentar não aumentar a polêmica.

 

A diretoria do Palmeiras também optou por se calar. O ônus da prova é de quem acusa. E ponto final.

Ponto final?

O Ministério Público e o Ministério do Trabalho tem a obrigação de investigar se a acusação é procedente. Porque, na atual configuração do futebol brasileiro, Marco Polo del Nero tem poder para fazer o que Marçal acusa.

Ter poder, não significa que faça.

Caberia ao Ministério Público e o Ministério do Trabalho convocarem o presidente do Sintrace-RJ a depor. Que ele apresentasse os juízes que receberam a recomendação de não errar contra o Palmeiras. E que todos fossem ouvidos oficialmente.

O UOL fez um levantamento que dá força à acusação de Marçal. Mostrou que os árbitros que erraram contra o Palmeiras, se arrependeram amargamente neste Brasileiro.

“Na rodada 5, os palmeirenses reclamam de um gol irregular do Grêmio, mas conseguiram a vitória por 4 a 3. O árbitro Marielson Alves Silva ficou por oito rodadas sem atuar na Série A. Na rodada 18, a equipe paulista aponta irregularidade no gol que empatou a partida com a Chapecoense em 1 a 1. Neste caso, Wilton Pereira Sampaio só voltou a trabalhar na Série A na rodada 24.

49 O silêncio da CBF. Entidade se cala diante da acusação de favorecimento ao Palmeiras. A denúncia foi feita pelo presidente do sindicato dos árbitros do Rio de Janeiro. A suspeita fere a credibilidade do Brasileiro de 2016. Como algum patrocinador sério pode colocar dinheiro no futebol deste país?

Na estreia, o Palmeiras ganhou de 4 a 0 do Atlético-PR e ainda assim reclamou de pênalti não assinalado em cima de Gabriel Jesus. O árbitro Bruno Arleu de Araújo só voltou a apitar na rodada 13.

No clássico contra o São Paulo, o Palmeiras venceu por 2 a 1 com um gol irregular de Mina. O juiz Sandro Meira Ricci ficou cinco rodadas sem trabalhar na Série A. Finalmente, na goleada por 4 a 0 em cima do Figueirense, na rodada 12, os palmeirenses não tiveram reclamações, mas o árbitro ficou em cinco rodadas sem apitar uma partida de Série A.”

Tudo isso é muito sério. Não é uma mera questão de bairrismo como pessoas tentam minimizar, garantindo que é uma defesa do Flamengo. Longe disso.

Se trata de uma acusação pública contra o presidente da CBF. De importante dirigente da arbitragem neste país. Não é possível que não haja investigação se há ou não favorecimento ao clube que Del Nero é conselheiro vitalício.

Se não houver, que Marçal pague pelo que falou.

O silêncio não mata a questão.

Pelo contrário.

Desperta dúvidas.

E fere de morte a credibilidade do Brasileiro.

Publicado por: Chico Gregorio

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