17/07/2016
08:59

Por Agência Estado

O Ministério Público Federal informou nesta sexta-feira, 15, que há cinco anos operava o suposto esquema de propinas no âmbito da Delegacia de Combate a Crimes Previdenciários (Deleprev), unidade da Polícia Federal em São Paulo alvo da Operação Inversão que culminou na prisão de três delegados federais na quinta-feira, 14. Segundo a procuradora da República Ryanna Pala Veras, que integra a força-tarefa da Inversão, “os delegados cobravam quantias em dinheiro de investigados (por fraudes à Previdência)”.

Inversão resultou da Operação Trânsito, deflagrada em 2015 pela PF para combater fraudes aos cofres da Previdência Social. Uma advogada, citada na Trânsito, procurou a Corregedoria da PF e denunciou que estava sendo extorquida. Em parceria, o Setor de Contra Inteligência da PF e a Procuradoria começaram a monitorar os alvos da Inversão, inclusive instalando escuta ambiental na sala dos delegados da PF, no bairro da Lapa, em São Paulo.

Na quinta, foram presos os delegados Ulisses Francisco Vieira Mendes, ex-chefe da Delegacia de Combate a Crimes Previdenciários da PF em São Paulo, hoje aposentado, Rodrigo Cláudio de Gouvea Leão e Carlos Bastos Valbão. Nesta sexta-feira eles foram ouvidos em audiência de custódia pela juíza Ana Clara de Paula Oliveira, da 9.ª Vara Federal Criminal de São Paulo. Os três delegados foram presos em regime preventivo. Por meio de seus advogados, os três delegados negam taxativamente envolvimento com o suposto esquema de propinas.

“As informações que temos até agora nas investigações é que havia um esquema na Deleprev”, destacou a procuradora Ryanna Pala Veras.

A procuradora disse que a expectativa é que sejam reunidos mais detalhes e provas do esquema a partir das apreensões realizadas na Operação Inversão e dos interrogatórios de investigados e testemunhas. Ryanna Pala Veras anotou que na Operação Trânsito “os delegados cobravam de investigados quantias em dinheiro para que a investigação não andasse”.

Ela esclareceu que a Operação Inversão prendeu “pessoas que intermediavam esses pagamentos (de propinas), pessoas que também pagavam para não ser investigadas e os delegados”.

Contra os delegados, segundo a procuradora do Ministério Público Federal, “já há provas suficientes de que estavam envolvidos”.

O grupo investigado ficou sob monitoramento telefônico e telemático. “As conversas (interceptadas) dão conta que isso já acontece há pelo menos cinco anos”, declarou Ryanna Pala Veras.

A procuradora disse que “é difícil” estabelecer o quanto foi pago em propinas. “Não tem um valor fixo, eles exigiam as quantias de dinheiro que variavam de acordo com a capacidade econômica das pessoas que eram investigadas. Então, há um investigado que chegou a pagar de 500 (mil) a 800 mil reais, é o caso do dono de uma empresa de benefícios fraudulentos. Outras pessoas, por exemplo um perito, pagou 300 mil. E outros com participação menor chegavam a pagar até 10, 15 mil reais.”

Publicado por: Chico Gregorio

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