A Suíça declara que Henrique Alves, o ex-ministro do Turismo do governo de Michel Temer, é suspeito de crimes de ” lavagem de dinheiro ” e ” corrupção passiva “. Ele foi obrigado a renunciar na semana passada. Mas era investigado desde fevereiro deste ano, antes mesmo de assumir seu cargo. Na Europa, fontes próximas ao caso confirmaram que Alves manteve uma conta com depósitos que variavam entre US$ 700 mil e US$ 1 milhão. O dinheiro está bloqueado, mas o banco não teve seu nome revelado.
O Estado revelou em sua edição de sábado que os suíços transferiram ao Brasil todos os documentos e extratos bancários envolvendo Alves. Ele foi o terceiro ministro da gestão de Michel Temer a cair e, em uma carta, explicou que não queria criar “constrangimentos” para o presidente interino. Na delação premiada do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, o executivo conta que deu propinas no valor de R$ 1,5 milhão para Alves, entre 2008 e 2014.
” O Escritório do Procurador Geral da Suíça confirma a abertura de um processo legal em fevereiro de 2016 contra Henrique Eduardo Lyra Alves sob suspeita de lavagem de dinheiro e corrupção passiva “, indicou o Ministério Público em Berna.
A investigação começou em Berna, sob a suspeita de que a conta tenha sido alimentada por recursos de propinas. A conta de Alves, porém, é uma das mais de mil contas hoje bloqueadas pelos suíços em seus bancos locais relacionadas com a Lava Jato.
Mas, para os suíços, o caminho adotado foi o mesmo seguido no caso do deputado Eduardo Cunha. Para a procuradoria suíça, não faria sentido processar o brasileiro, leva-lo a um julgamento em Berna e, em seguida, jamais conseguir sua punição. O Brasil não extradita seus nacionais.
A ideia negociada com os procuradores no Brasil foi a de transferir o caso para que Alves, agora, seja investigado e julgado no próprio País. Para os suíços, a transferência do caso também permitirá que a Justiça no Brasil possa agir de forma rápida para garantir que as provas e mesmo os recursos não sejam perdidos.
” Diante do fato de que Henrique Alves ser um cidadão brasileiro, ele não pode ser extraditado para a Suíça “, explicou o MP. ” Por esse motivo, a Procuradoria pediu em março de 2016 para que o processo seja transferido ao Brasil “, disse. ” Isso seria feito para permitir que o caso pudesse ser investigado e julgado por autoridades brasileiras “, completou.
Estadão
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