Terceiro ministro demitido, Henrique Eduardo Alves é chamado carinhosamente pelos amigos de ‘Henriquinho’, num trocadilho com a boa vida que leva, aponta reportagem da Veja
Só em 1996, Henriquinho gastou 1,1 milhão de reais num cartão American Express vinculado a uma conta do banco suíço Union Bancaire Privée. A conta era batizada de 245333HM, sendo as letras referências ao casal Henrique e Mônica. A denúncia, a que VEJA teve acesso, compila operações financeiras no exterior, como uma aplicação de 890 mil dólares, e até um bilhete em que o ex-ministro pede ajuda a uma notória operadora do mercado financeiro suíço para administrar seus investimentos: Maria Rodrigues, apontada como a administradora das propinas pagas por contratos superfaturados assinados, na gestão Paulo Maluf, pela prefeitura de São Paulo.
Na quarta-feira à noite, Temer conversou com Henrique Alves sobre as delações da Lava-Jato e as tais contas no exterior. O presidente interino queria saber a extensão desses casos e se eles poderiam abater algum outro integrante do governo. A preocupação era compreensível. Entre os documentos à disposição da Justiça, há um papel timbrado da Câmara no qual está anotado o valor de 420.000 e o nome Geddel Vieira Lima, atual ministro da Secretaria de Governo.
“Observa-se também que às folhas 167 há outra anotação referindo-se a 420.000,00 com a mesma caligrafia e em papel timbrado da Câmara dos Deputados, fazendo referência ao nome de Geddel Vieira Lima, deputado da Bahia pelo partido PMDB”, diz a denúncia do MPF. Geddel disse a VEJA que desconhece o manuscrito com a cifra em dólares e que nunca tratou de dinheiro com Henrique Alves ou recebeu valores dele. Alves considera “absurda” a denúncia da ex-mulher, mas não quis comentar especificamente sobre a anotação com o nome de Geddel. Ele disse que as provas que constam no processo por enriquecimento ilícito já foram consideradas “ilícitas” e anuladas duas vezes em recursos de sua defesa.
A ação civil de improbidade administrativa, porém, ainda tramita na 16ª Vara Federal de Brasília e espera um despacho do juiz. A reportagem não conseguiu contato com os advogados do ex-ministro nesta sexta-feira. Na véspera, Alves e Geddel conversaram pessoalmente. O primeiro pediu demissão. O segundo continua no governo. Ao menos por enquanto.
Veja
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