A negociação política do reajuste dos servidores públicos colocou em xeque o espaço fiscal aberto para aumento das despesas do governo este ano. Com a aprovação da revisão da meta fiscal, que prevê déficit R$ 170,5 bilhões em 2016, o governo deverá fechar o ano com um aumento real dos gastos, na contramão do discurso de aperto fiscal.
Simulações feitas a pedido do Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, pelo pesquisador do Ipea, Rodrigo Orair, as despesas discricionárias – aquelas que podem ser cortadas pelo governo – podem aumentar 1,7% acima da inflação, se a margem para incremento dos gastos for integralmente usada. Neste caso, o governo do presidente em exercício Michel Temer estará aplicando uma política fiscal levemente expansionista, postergando o início do processo de retomada do reequilíbrio das contas públicas.
Pelos dados do especialista, o gasto obrigatório efetivo, que é aquele que está na mira do novo teto das despesas proposto pela equipe do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tem potencial para crescer 3,3% acima da inflação este ano, depois de ter tido um crescimento de 1,6% em 2015.
A nova meta, aprovada pelo Congresso Nacional, abriu uma margem de R$ 56 bilhões para aumento das despesas. Para não utilizar a margem, o governo teria de repetir em 2016 uma redução das despesas discricionárias ainda mais forte do que a realizada em 2015. Implicaria reduzir a pó os investimentos públicos ao longo deste ano.
IstoÉ
0 Comentários